Clima Tenso

PASSO A PASSO: Como o Flamengo encarou e venceu a pressão da própria torcida no último domingo

As mais de 13 mil presentes na Ilha do Urubu deixaram os cantos tradicionais de lado e, por muitas vezes, apostaram nos gritos de cobrança, em forma de desabafo. As vozes foram ouvidas do gramado e ecoaram no vestiário. A torcida exigiu mudança de atitude. Dentro de campo, o time reagiu na bola, com um 3 a 0 diante do Corinthians; fora dele, num mesmo discurso, num pedido de apoio.

O primeiro contato

Por volta das 15h30 o ônibus rubro-negro chegou no estádio. Mesmo no frio proporcionado pela chuva fina, o clima era quente. A primeira “trilha sonora” foi o tradicional “queremos raça”, direcionado a cada jogador que entrava no vestiário.

“Queremos raça”

A falta de paciência dos torcedores com a temporada do Flamengo ficou escancarada durante a escalação do time no telão. Diego Alves, Cuéllar e Diego se salvaram – foram aplaudidos, em especial o camisa 35. Por outro lado, Rafael Vaz e Pará ganharam muitas vaias, assim como Geuvânio, Arão e Vizeu, um pouco mais tímidas.

– Nós somos muito mais fortes quando temos a torcida do nosso lado. Quando não temos é mais difícil. Mas eles vêm ao estádio e têm todo direito de protestar. Mas humildemente venho dizer aqui, quinta-feira temos um jogo importante. Algumas coisas aconteceram na temporada, não dá mais para voltar atrás. Peço a presença deles e que estejam ao nosso lado. Quando fazem isso a equipe se torna mais forte e nossas decisões em campo são mais positivos – pediu Diego, visando o duelo contra o Junior Barranquilla, na quinta-feira, no Maracanã, pela semifinal da Sul-Americana.

“Time sem vergonha”

A entrada da equipe no gramado não foi mais tranquila. Enquanto os poucos corintianos gritavam enlouquecidos comemorando o título, os flamenguistas pareciam ensaiados. “Não é mole não, para jogar no Mengo tem que ter disposição” deixou o hino nacional em segundo plano, seguido pelo conhecido “time sem vergonha”.

– Foi um jogo difícil pelo que aconteceu extracampo, a cobrança da torcida. Para jogar hoje tinha que ter personalidade, ser homem de verdade. Não é fácil entrar numa partida dessa e jogar bem. Os torcedores não jogaram junto com a gente em certos momentos. Para jogar tivemos que desligar o que estava acontecendo fora do campo – revelou Geuvânio, que foi vaiado, mas sofreu o pênalti de Pablo no lance do segundo gol.

Nervos à flor da pele

Coincidência ou não, o time de Reinaldo Rueda entrou mais pilhado. Até nervoso nos primeiros minutos. Pará errou passes bobos, e a arquibancada não perdoou. Aos poucos, Diego chamou a responsabilidade e comandou a equipe. Cuéllar dominou o meio, e o Rubro-Negro, o jogo: Mancuello – novidade entre os titulares -, Diego e Vizeu balançaram as redes, mas os comentários sobre os gols ficaram para mais tarde.

Agressão, gesto obsceno e “Vou quebrar esse moleque”: Rhodolfo x Vizeu

Pouco depois de Diego balançar a rede em cobrança de pênalti, Rhodolfo e Vizeu perderam a cabeça após Romero ficar livre de marcação e parar em Diego Alves. O garoto cobrou o zagueiro, que reagiu e teve que ser contido. No lance seguinte, o atacante marcou e fez gesto obsceno, levando o companheiro à loucura. Nas arquibancadas, muitos não entenderam de imediato. Na dúvida, aplausos tímidos e gritos por Rhodolfo.

– É normal, a gente não está numa fase muito, então queremos ganhar. Ninguém quer tomar gol, quer vencer. Hoje a torcida cobrou bastante, entramos focados. Foi um lance, um erro de marcação, e discutimos para tentar acertar. Mas tudo certo, ganhamos o jogo, que é o mais importante. Somos amigos, sempre o apoio muito – disse Rhodolfo, ao lado de Vizeu, na zona mista após a partida.

De olho na Sul-Americana

Com o resultado construído, o segundo tempo passou apenas para cumprir tabela e consagrar Diego Alves, que fez a terceira defesa difícil na partida. O aproveitamento no estádio chegou a 80% – nos últimos dois jogos, duas vitórias, cinco gols marcados e nenhum sofrido.

O que era pressão virou confiança. E, para Willian Arão, fica a expectativa do torcedor ao lado durante os 90 minutos contra o Junior Barranquilla.

– Espero que a torcida vá nos apoiar. Eles pagam ingresso, estão no direito de torcer, de cobrar. A gente tem que demonstrar dentro de campo o contrário. Se eles nos receberam de uma forma que a gente não esperava, a gente respondeu de uma outra maneira. Espero que na quinta nos apoiem do início ao fim para que a gente possa sair com resultado positivo – destacou Willian Arão.

Fonte: Globo Esporte
Créditos: Globo Esporte