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Jogadora que teve tumor sonha com Olimpíada: 'Mais forte do que imaginava'

"Descobri que sou mais forte do que imaginava. Para quem nunca tinha tido nenhuma lesão grave, uma cirurgia do coração é grande coisa", revela.

Em um dos momentos mais importantes de sua carreira, convocada para a seleção brasileira de vôlei, a jogadora Bruna Honório recebeu um diagnóstico que mudaria sua vida: tinha um raro tumor no átrio esquerdo do coração. Em uma semana, deixou para trás o sonho de representar o país em quadra para enfrentar uma cirurgia que mudaria sua vida.

“Descobri que sou mais forte do que imaginava. Para quem nunca tinha tido nenhuma lesão grave, uma cirurgia do coração é grande coisa”, revela.

Abaixo, Bruna conta o que passou, como enfrentou a doença com positividade e seus sonhos para o futuro.

“Quando acordei pós cirurgia, ainda no centro cirúrgico, perguntei ao médico se estava bonita. Eu tinha pedido antes para ele não me deixar feia nem descabelada. Era dia 15 de maio, uma semana depois de eu ter sido diagnosticada com um tumor no átrio esquerdo do coração.

Vinha de uma ótima temporada jogando vôlei pelo Minas Tênis Clube e tinha acabado de ser convocada para a seleção brasileira. Todo o mundo, quando chega, faz exames de rotina. O meu deu uma alteração. Fiz ecocardiograma e ressonância, mas eu não sentia nada. Estava cansada, mas vinha de vários campeonatos, estava a 300 km por hora.

Quando recebi o diagnóstico, fiquei chocada. É difícil para um atleta quando dizem que você não está apto a jogar. Mas não fiquei preocupada, porque os médicos foram me explicando tudo e me acalmando. Disseram que o ideal era fazer a cirurgia logo, porque quanto antes eu fizesse, antes eu voltaria. Isso foi numa quinta-feira e, na quarta seguinte, operei.

Comecei a jogar vôlei por incentivo de uma menina da minha classe que jogava. Eu vivia em Agudos, cidade pequena do interior de São Paulo, e lá não tinha muito o que fazer. Fui no treino de vôlei e, de cara, me apaixonei. Não sabia que ia gostar nem que eu tinha essa aptidão, foi tudo muito rápido.

Eu era uma criança de 13 anos que só pensava em estudar. E, em seis meses, fui morar fora. Me mudei para São Paulo, para jogar num clube de lá. Isso transformou muito a minha vida. O esporte me deu amadurecimento.

Nunca pedi para os meus pais se eles me deixariam ir. Eles me fizeram muito independente e me apoiaram a dar esse passo novo, a procurar meu espaço e minha vida.

Quando soube do tumor, foi um baque, mas acredito que as coisas acontecem como têm que ser. Se eu só descobrisse depois, poderia ser pior. Operei e me recuperei bem.

Após três semanas já voltei para o clube e comecei a fazer um fortalecimento básico. Com um mês, repeti os exames, que mostraram que estava tudo bem. Com dois meses, comecei a fazer trabalhos em quadra, mas ainda não podia me esforçar muito, pois meu batimento cardíaco tinha que ser controlado. Com três meses fui totalmente liberada pelos médicos. Agora, vida normal.

Estou visando o ano que vem, que vai ser muito importante. Espero que esta seja uma temporada boa. Temos Mundial e Superliga, que são os campeonatos de maior destaque, e vou me preparar bem para tentar conseguir vaga na Olimpíada. Esse é meu sonho.

Sempre fui uma pessoa muito positiva, acredito muito na lei da atração. Mas esse episódio mudou alguns dos meus valores. Descobri que sou mais forte do que imaginava. Para quem nunca tinha tido nenhuma lesão grave, uma cirurgia do coração é grande coisa. Mas recebi muito apoio, do clube, da confederação e também das pessoas.

Quando comecei a postar sobre a doença, recebi mensagens de muitas pessoas que passaram ou estavam passando pela mesma coisa. Gente falando que a minha força deu força a elas. Fiquei muito feliz e vi como é importante dividir. A dor, mas também a felicidade.”

 

Fonte: UOL
Créditos: UOL