Mundial

Grêmio perde Mundial contra time de "outro planeta" e escancara diferença para Europa

Certa feita, em junho, levantou-se um rótulo colado no Grêmio. Dizia “Melhor futebol do Brasil”, e o produto usado para grudar foi bom. Pois o ano chega ao fim e o rótulo ainda está lá, embora as atuações, não. Veio novembro, o título da América e um novo sonho. O recheio de merengue, porém, tornou-se indigesto.

A vitória do Real Madrid na final do Mundial por 1 a 0 foi magra e por um detalhe, mas o que se viu em campo, no Zayed Sports City, em Abu Dhabi, escancara a diferença dos jogos praticados no Brasil e pelos grandes da Europa. O Grêmio não chegou ao seu limite em termos de desempenho porque não contou com todos os jogadores em uma noite inspirada, mas fez o possível diante de um poderio tão forte.

“A gente fez o que estava ao nosso alcance, saímos de cabeça erguida, fizemos o que podemos. Do outro lado, até brincamos, são jogadores que parecem que não são deste planeta”. (Marcelo Grohe, goleiro)

Os números do jogo registram posse de bola de 62% para o Real e 20 finalizações, contra apenas uma do Grêmio, que sequer acertou a meta de Keylor Navas – Edílson arriscou cobrança de falta de longe. Este fato causou indignação em muitos torcedores. É verdade. O Tricolor poderia ter apresentado algo mais próximo daquilo que chamou atenção do país inteiro ao longo da temporada.

Contudo, ainda assim a vitória sobre o Real Madrid estaria longe. Simplesmente porque o adversário é nada menos que o maior clube do mundo e vive em outra realidade, com orçamento de 600 milhões de euros – o do Grêmio é de R$ 70 milhões. Os jogadores gremistas não achavam os rivais. Quando se aproximavam para marcar o croata Modric, por exemplo, a bola já estava nos pés de outro, tamanha rapidez na troca de passes.

– Nós sabíamos que o Cristiano Ronaldo tem essa arma, tem uma falta muito boa. Infelizmente, a gente deu uma vacilada ali, mas, no contexto geral, mereceram a vitória. A gente fez o que estava ao nosso alcance, saímos de cabeça erguida, fizemos o que podemos. Do outro lado, até brincamos, são jogadores que parecem que não são deste planeta – disse o goleiro Marcelo Grohe na zona mista do Zayed Sports City.
“Os jogadores (do Real) têm uma qualidade muito grande. Sabíamos que encontraríamos muitas dificuldades. Pelo que o Real Madrid jogou, mereceu ser campeão. Estamos tristes, mas de cabeça erguida por tudo que fizemos em 2017”. (Renato Gaúcho, técnico)

Além de atuações abaixo do normal de nomes como Luan, Barrios – que confirmou que não permanece em 2018 – e Fernandinho, o clube gaúcho lidou com uma estrutura tática muito bem ajustada. Modric fazia um movimento de aprofundar-se pelo lado direito quando Isco recuava, confundindo a marcação. Kroos se postava quase como lateral-esquerdo, liberando Marcelo para avançar e sendo um armador por trás do jogo. Especialmente no meio-campo, sem Arthur, o Grêmio foi dominado.

O poderio europeu está muitos anos na frente do sul-americano. O último título conquistado pela América do Sul foi em 2012, quando o Corinthians bateu um Chelsea mais pragmático. Dali em diante, o Real Madrid ergueu a taça três vezes: 2014, 2016 e 2017. No entanto, é bom lembrar que o gol merengue só saiu porque a bola passa em um miniespaço na barreira, entre Lucas Barrios e Luan, por conta de um movimento de corpo do centroavante.

– A dferença é que é o time mais rico do mundo, melhores jogadores do mundo, é difícil. O orçamento do Real e do Grêmio é um absurdo de diferença. (O Real) Tem os melhores do mundo. A gente foi com a mentalidade de ganhar, mas não é fácil ganhar do melhor do mundo. É trabalhar, esquecer isso aqui e pensar no ano que vem – comentou Jael.

Na zona mista, o clima era de uma espécie de resignação com a derrota, de certa forma esperada por conta do tamanho da pedra no caminho. O sentimento que fica é o do tri da América e o dever cumprido. O Grêmio fez frente ao Real Madrid, levou o gol por centímetros na barreira e fez o que pode. Longe de ser o suficiente, mas o que pode.

O Brasil tem muito o que evoluir para poder bater de frente de “igual para igual”, como queriam os tricolores, com potências como o time de Zidane.

Fonte: Globo Esporte
Créditos: Globo Esporte