Surfe

Em dia decisivo, 5 motivos para acreditar no sonho do bi mundial de Medina

Na briga pelo bicampeonato mundial no Havaí, Gabriel Medina tem duas provas de vida ou morte na última etapa da temporada de 2017. O paulista de São Sebastião precisa vencer o havaiano Dusty Payne na repescagem para manter vivas as suas esperanças na derradeira de 11 etapas do Circuito Mundial.

Depois, provavelmente ainda neste domingo, ele enfrentaria outra bateria decisiva e eliminatória no round 3. Um momento tenso, sob pressão. Mas motivos não faltam para acreditar que o sonho é possível. O local John John Florence, o sul-africano Jordy Smith e o australiano Julian Wilson são os outros candidatos ao título.

A Liga Mundial de Surfe (WSL) realizará uma nova chamada para avaliar as condições do mar, neste domingo, às 15h30 (de Brasília). As chances são grandes de haver as baterias dos rounds 2 e 3.

1 – Retrospecto favorável contra Dusty Payne

Gabriel e Dusty já tiveram nove encontros no CT desde 2011, e o brasileiro terminou na frente em oito. Em baterias eliminatórias, foram dois confrontos, com 100% de aproveitamento de Medina. Nas duas oportunidades (2ª fase na França 2011 e 3ª fase no Havaí 2014), depois de vencer o havaiano, o local de Maresias chegou à final do evento. Das nove vezes que os caminhos de Gabriel e Dusty se cruzaram, em três ocasiões, o brasileiro ficou com o título da etapa (França 2011 e 2015 e Fiji 2016).

Em outras duas, terminou com o vice (Havaí 2014 e França 2016). A única vez que o havaiano terminou na frente foi em uma bateria da 1ª fase, não eliminatória, em Fiji 2013. O australiano Kai Otton terminou em primeiro lugar, com o Dusty em segundo e Gabriel em terceiro – os dois acabaram eliminados na repescagem na sequência.

2 – 62,5% de vitórias nas baterias em Pipeline

De 2011 a 2017, período em que integra a elite do surfe mundial, Medina disputou 24 baterias na etapa havaiana. No total, foram 15 vitórias (62,5%) e 9 derrotas (37,5%). Em baterias não eliminatórias, Gabriel perdeu 3 vezes (12,5%) e outras 6 no mata-mata (25%). O histórico renova as esperanças do brasileiro, que soma dois vice-campeonatos no Havaí (2014 e 2015).

3 – Vive boa fase
Se até a perna europeia, o local de Maresias era carta fora do baralho, as duas vitórias consecutivas nas etapas da França e de Portugal deixaram Medina como um dos principais cotados ao título. O paulista assumiu a vice-liderança do ranking mundial, atrás apenas de John John Florence, atual líder e campeão do circuito. O brasileiro vem embalado e pode igualar o americano Kelly Slater se conquistar o terceiro evento seguido. A última vez que isto aconteceu foi há 21 anos, quando o surfista de Cocoa Beach, Flórida, venceu em 1996 as etapas de Saint Leu, na Ilha Reunião, Jeffreys Bay, na África do Sul, e Huntington Beach, na Califórnia.

Vale lembrar que antes da perna europeia Gabriel foi campeão do Surf Classic, evento-teste que reuniu os melhores do mundo na piscina de ondas artificiais de Slater. Na próxima temporada, a disputa fará parte do calendário de provas pelo Circuito Mundial.

4 – Reage bem sob pressão

Além da versatilidade em diferentes condições do mar, a frieza nos momentos de pressão é uma de suas qualidades. Quando conquistou o histórico título para o Brasil em 2014, Medina chegou no Havaí precisando da final para cumprir a sua meta sem depender de outros resultados. O surfista lidou bem com a cobrança e se garantiu na decisão de forma invicta. Gabriel acabou perdendo para Julian Wilson, mesmo tirando um tubo nota 10, mas já havia se consagrado campeão mundial. Há três anos, não tremeu para vencer na Gold Coast australiana o ídolo local Joel Parkinson, assim como na final contra Kelly Slater no Taiti 2014, superando o americano por 3 centésimos.

Já nesta temporada, Medina só chegou a Pipeline na briga pelo bi após ter vencido duas etapas seguidas na Europa, a sua última cartada. Em Portugal, por exemplo, ele liderava a final contra Julian Wilson, quando o australiano virou a 4m50s para o fim. O brasileiro não se desesperou e encontrou a onda salvadora a 1m34s para o estouro do cronômetro.

– Quando ele (Julian Wilson, em Portugal 2017) virou a bateria no finalzinho, faltando 5 minutos, eu estava: “Não pode ser dele, não pode ser dele”. Eu esperei uma onda, precisava de uma nota média, e tive que confiar. Não me desesperei, eu segurei. Bateu muita coisa junto ali, eu falei “não, calma, respira, vai vir, vai vir”. E acabou vindo no final da bateria uma onda que eu consegui virar e ser campeão da etapa – lembrou Medina, que havia perdido uma final polêmica justamente contra Julian em Portugal 2012.

5 – Força do Brazilian Storm

Potência do surfe mundial, ao lado de Austrália, Havaí e Estados Unidos, o Brasil vem dominando as etapas do Tour nos últimos anos. Nas duas vezes que um brasileiro foi campeão mundial, o caminho rumo ao topo teve o apoio dos compatriotas. Em 2014, Gabriel contou com a ajuda de Alejo Muniz no Havaí, quando o amigo eliminou os seus rivais na disputa pelo título: Mick Fanning e Kelly Slater. No ano seguinte, foi a vez de Medina dar um empurrãozinho para a conquista de Adriano de Souza, o Mineirinho, ao vencer Fanning nas semifinais do Pipe Masters. Neste ano, a história pode se repetir.

– Eu estava até conversando com os meus amigos… Eu acho que isso vai acontecer de novo, de um brasileiro ajudar. Eu acho que vai acontecer. Eu já vivi isso e já vi isso acontecendo. Eu também já ajudei outra pessoa, já me ajudaram… Tudo entre os brasileiros ali. É muito louco. Eu acredito que nessa etapa vai ser assim também – avaliou Medina.

Das 10 etapas realizadas até o momento, os brasileiros venceram 5: Mineirinho (Saquarema, Brasil), Filipe Toledo (Jeffreys Bay, na África do Sul, e Trestles, nos EUA) e Medina (França e Portugal).

Fonte: Globo Esporte
Créditos: Globo Esporte