Favoritos

Amanda Nunes diz que UFC não deveria ter favoritos

Campeã peso-galo (61 kg) do UFC e eleita a melhor lutadora da temporada 2016 na premiação 'MMA Awards', Amanda Nunes se tornou uma referência no esporte.

Campeã peso-galo (61 kg) do UFC e eleita a melhor lutadora da temporada 2016 na premiação ‘MMA Awards’, Amanda Nunes se tornou uma referência no esporte. Mas ao mesmo tempo em que carrega um estilo agressivo dentro do octógono, o discurso franco e direto também marca sua trajetória fora dele a ponto dela própria se adiantar e emitir um pedido público de desculpas para Ronda Rousey. Postura essa que, na verdade, teria relação direta mais com o torneio do quem com a ex-rival.

Tudo começou quando logo após o triunfo sobre Ronda, no dia 30 de dezembro do ano passado, Amanda não economizou em suas frases e decretou diante das câmeras e microfones que o tempo da judoca estava acabado e que ela deveria se aposentar. Tamanha agressividade repercutiu instantaneamente no mundo das lutas e a brasileira usou suas redes sociais para, semanas depois e já de cabeça fria, se desculpar pelo tom adotado e pregar respeito pela atleta responsável pelo ingresso do MMA feminino no UFC. Mas passados mais de dois meses do início da confusão, a ‘Leoa’ consegue analisar tudo com calma.

De acordo com a atleta de 28 anos, tudo não passou de um desabafo que foi motivado pela diferença de tratamento dada pelo UFC às atletas. Ela, como campeã, sequer teria sido questionada se gostaria de participar ou não das atividades de promoção do show. Afinal, como Ronda, que estava voltando à ativa após um ano de reclusão depois da derrota para Holly Holm, se recusou a conversar com a imprensa, Amanda também foi retirada do cronograma.

“Ali depois da luta, aquela ali não era eu de verdade”, narrou em conversa com a reportagem da Ag. Fight. “Todo o camp de divulgação para a luta foi falando da Ronda. Tudo isso eu estava engolindo para ficar bem para a luta. Mas tudo aquilo que eu estava engolindo, estava me ferindo. Quando cheguei na semana da luta… Fui para Las Vegas duas semanas antes e quando cheguei lá ela não queria fazer os compromissos e eles não me deram a oportunidade de fazer as coisas. Aí foi a gota d’água. Fiquei chateada, não me deram oportunidade de fazer nada, estava à merce da Ronda. Se ela não quisesse, eu faria o treino aberto, farei coletiva… Mas porquê ela não quis, me tiraram sem nem me falar nada. Soube através de um jornalista”.

Tal postura da organização não apenas chateou a campeã, mas também a fez pensar sobre como o esporte funciona. Afinal, os recentes acontecimentos provam que as chamadas ‘money fights’, ou seja, lutas que rendem mais dinheiro, são mais aclamadas e valorizadas por fãs e promotores. Situação que desagrada a baiana, que pede publicamente para que o UFC não privilegie mais nenhum de seus atletas.

“Infelizmente, ainda tem favoritos no UFC, coisa que não era para existir. O favorito era para ser o campeão. Sou feliz e vou continuar a provar que sou a melhor do mundo. Todo atleta precisa de dinheiro, sei que foi grande para mim e sei que se fosse outro nome eu não teria ganho tanto. Mas o MMA está crescendo muito e a campeã sempre tem com quem lutar. Não podem só dar ênfase em quem gostam porque trouxe o MMA feminino para o UFC. Não digo que eles esqueçam a Ronda, mas ela não vai ser campeã mais. Tem que parar de ter favoritos e trabalhar no show”

Em um bate-papo por telefone de quase uma hora Amanda detalhou de forma franca e direta os bastidores da polêmica declaração sobre Ronda Rousey, o pedido de desculpas e traçou seus planos para 2017.

Fonte: MSN