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'Todo mundo transava com todo mundo no rock dos anos 80', diz Nasi

“Vocês precisam de escândalo… Rock tem que ter escândalo!”. Marcos Valadão ouviu este conselho no início de sua carreira como vocalista do Ira!, quando já tinha a semente de inquietude em seu sangue meio italiano e meio árabe, mas estava longe de ser o roqueiro doidão que ganharia manchetes por suas brigas, romances, abusos de drogas e uma tentativa de interdição.

A imagem ficou. Estereotipada, diz o vocalista. O Nasi de hoje, com 56 anos, casado e com duas filhas, é outro. Entrar em sua casa no bairro do Butantã, em São Paulo, é chegar a uma espécie de templo de paz. Cheiro de incenso, barulho de água corrente, muitas plantas visíveis pela janela, um aquário com uma tartaruga, decoração com máscaras de tradição africana que remetem à sua fé nos orixás e a gatinha Sofia passeando durante a entrevista à vontade. “Ela adora uma câmera”.

Os cigarros continuam — inclusive durante a entrevista — e o gosto pela bebida também. Mas nada de cocaína desde 1997. A maconha também ficou de lado, há 11 anos. O peso, que chegou a 118 kg, foi reduzido após uma redução de estômago há uns quatro anos. E o temperamento impulsivo foi suavizado, “dissolvido gota a gota” durante os últimos anos. Fruto de sua imersão na religiosidade, do perdão que deu e concedeu ao irmão e ao guitarrista Edgard Scandurra após a separação do Ira!, em 2007, e também da idade.

Não que Nasi seja um roqueiro arrependido ou que oculte suas peripécias. Do traficante que o acompanhava vestido de médico aos casos de amor com Marisa Monte e Marisa Orth, ele não tem filtros para revisitar o passado e dizer que o Marcos da adolescência curtiria ouvir as histórias que o Nasi adulto viveu. Histórias estas que ganham as telas nesta segunda-feira: o documentário “Você Não Sabe Quem Eu Sou”, dirigido por Alexandre Petillo, será exibido pela primeira vez, como parte do festival In-Edit, em São Paulo.

Fonte: Uol
Créditos: Uol