Autoaceitação 

Modelo que perdeu a perna aprova olhares na rua: 'Importante' - VEJA FOTOS

 

 

 

 

Em um dos meus textos passados, citei como foi o processo de redescoberta do meu corpo após o acidente. Hoje vim aqui contar como a minha autoaceitação veio de forma leve – e como consegui continuar me amando (se não ainda mais) depois de perder a minha perna.

Sofri meu acidente há 4 anos, e claro que amputar a perna mudou várias coisas na minha vida, mas o processo de me acostumar com aquela minha nova “imagem” acabou sendo… natural. Pode parecer complexo pra várias pessoas, e constantemente vocês me mandam perguntas sobre como isso foi possível, então por isso resolvi contar com detalhes.

Quando soube que tinha perdido minha perna, não olhei pra ela imediatamente; tudo aconteceu aos poucos. Sem forçar a barra. Ouvi a notícia e comecei a me acostumar com a ideia. Eu tive um pouco de medo, claro, e insegurança também. Como seria olhar para o meu corpo de novo, agora sem a minha perna? Por eu não conhecer ninguém amputado (a não ser em filmes ou televisão), eu realmente não sabia o que esperar, não sabia o que enfrentaria, não sabia se usaria uma prótese…

Paola Antonini desfila para a Água de Coco (Foto: Divulgação)

Esperei três dias pra me sentir pronta pra olhar pra minha perninha enfaixada. Quando o fiz, foi super tranquilo. Quase um mês depois, tirei a faixa. Ver ela “nua e crua” foi um pouquinho diferente (só que, de tanto que olhamos para o diferente, ele se torna normal). O terceiro passo foi me olhar no espelho, e foi aí que reconheci de novo o meu corpo. Era assim que ele seria agora. Olhei por vários minutos, vários dias seguidos – e como era bonitinha a minha perninha nova! Olhar no espelho foi um processo super importante, e acho que todo mundo deveria fazer isso mais. Se conhecer mais. Olhar para cada parte do seu corpo e se orgulhar de quem você é, de tudo que você viveu.

Quando me perguntam se olham muito pra minha perna, se ficam comentando na rua, nos lugares públicos, a resposta é: sim! Muito mesmo, rs! Mas eu acho isso incrível. As pessoas estranham quando me veem tirando a prótese na praia, por exemplo, mas isso nunca me incomodou. Parece que aí sim conseguiam perceber a “perda física”, sabe?

Diferente do que era quando eu usava minha prótese brilhante.Nunca me importei de andar na rua e ver as pessoas olhando pra baixo e depois pra cima, virando os rostos pra olhar, ou então quando crianças vinham falar da prótese. As pessoas vão olhar e vão comentar porque é algo diferente. Não é tão normal a gente ver uma prótese na rua, né? Assim como outras características. Acho importante que as pessoas olhem, comentem, porque assim aquilo vai se tornar comum pra elas. Na próxima vez que elas virem uma prótese, por exemplo, já vão saber o que é. Acho que esse é um dos motivos que me fazem usar, quase 99% do tempo, short ou saias curtinhas.Paola Antonini (Foto: Instagram/Reprodução)

 

 

Aceitar o meu corpo depois de perder um membro foi um processo muito importante e que guardo com muito carinho. Um processo de redescoberta. Aprendi a amar todas as minhas imperfeições, as minhas cicatrizes enormes, aquela “gordurinha” a mais, aquelas estrias, tudo que algum dia já veio a me incomodar. Quando percebemos que o nosso corpo nada mais é do que um reflexo da nossa vivência, das nossas experiências, começamos a amar tudo que mostre isso. Não teria porque complicar isso tudo, o segredo é só entender que nossa aparência não define nada do que somos, ela só mostra o que a gente passou fisicamente.

O mais importante é a gente se amar, amar de todas as formas. E quando isso acontece, tudo fica mais leve. Não tem segredo! Se ame, se aceite, seja feliz e, pronto. Vamos em frente, porque tem um mundo lindo pela frente e, nele você pode ser do jeitinho que é, só é preciso ter coragem e ir!

 

Paola Antonini desfila para a Água de Coco (Foto: Divulgação)

Fonte: Paraiba.com.br
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