FLOR DO DESERTO

MÊS DA MULHER - Estudo divulgado pelo IPEA aponta dupla jornada e sobrecarga de trabalho das mulheres

A especialista em políticas públicas e gestão governamental e uma das autoras do trabalho, Natália Fontoura, aponta que as tarefas domésticas dificulta a ida da mulher par ao mercado de trabalho.

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O índice de mulheres no mercado de trabalho brasileiro permanece o mesmo nos últimos 20 anos. De acordo com o Estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgado nesta segunda-feira (6), a participação feminina no mercardo de trabalho oscilou entre 54 – 55%, entre 1995 e 2015, o que siginfica que quase metade das brasileiras em idade ativa está fora do mercado de trabalho.

Ainda de acordo com o estudo, as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana devido à dupla jornada, de tarefas domésticas e trabalho remunerado. O estudo é feito com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A avaliação dos dados podem ser econtradas no site do Ipea.

As barreiras enfrentadas pelas mulheres para ingressar no mercado de trabalho ficam claras quando analisada a taxa de participação feminina no mercado do trabalho, que mostra a parcela da população em idade ativa (16 a 59 anos) que está trabalhando ou à procura de trabalho. Apesar dos avanços de décadas passadas, os últimos vinte anos parecem indicar que as brasileiras atingiram um “teto” de participação difícil de ser ultrapassado, diz o relatório dos estudos. Entre 1995 e 2015, a taxa de participação feminina pouco oscilou em torno dos 54-55%, não tendo jamais chegado a 60%. Isto significa que quase metade das brasileiras em idade ativa está fora do mercardo de trabalho. O percentual masculino chegou a 85% e vem caindo, tendo alcançado menos de 78% no último ano da série, aponta dos dados da pesquisa.

Entre as mulheres que se lançam no mercado de trabalho muitas vezes se deparam com a barreira de encontrar posição. O que de acordo com os dados é uma dificuldade maior para as mulheres que para os homens. O estudo mostra que em 2015, a taxa de desocupação feminina era de 11,6% – enquanto a dos homens foi de 7,8%. No caso de mulheres negras, a proporção chegou a 13,3% (a dos homens negros, 8,5%). Os maiores palatamares encontram-se entre as mulheres negras com ensino médio completo ou incompleto (9 a 11 anos de estudo): Neste grupo, a taxa de desocupação em 2015 foi 17,4%.

Jornada de Trabalho

Em Em 2015, a jornada total média das mulheres era de 53,6 horas, enquanto a dos homens era de 46,1 horas, uma diferença de 7,5 horas. Em relação às atividades não remuneradas, a proporção se manteve quase inalterada ao longo de 20 anos: mais de 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas; os homens, em torno de 50%.

A especialista em políticas públicas e gestão governamental e uma das autoras do trabalho, Natália Fontoura, aponta que as tarefas domésticas dificulta a ida da mulher par ao mercado de trabalho. “A responsabilidade feminina pelo trabalho de cuidado ainda continua impedindo que muitas mulheres entrem no mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, aquelas que entram no mercado continuam respondendo pela tarefas de cuidado, tarefas domésticas. Isso faz com que a gente tenha dupla jornada e sobrecarga de trabalho”, avaliou.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Com Colaboração de Tiago Bernardino