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Holograma de Dercy Gonçalves vai vender frango frito

Campanha da rede de fast-food Popeyes que entra no ar hoje usará tecnologia para ampliar interação com clientes

 

Quase 11 anos depois de sua morte, Dercy Gonçalves foi vista num shopping da Grande São Paulo – causando (claro): gritava o nome das pessoas que tinham feito pedido na rede de frango frito Popeyes, tirava “selfies”, dançava e dizia palavrões (embora uma campainha com um “piiiiiiiii” abafasse tudo). Não era uma atriz se fazendo passar pela humorista – mas seu holograma.

Para divulgar a marca, a agência montou uma infraestrutura no meio da praça de alimentação do centro de compras. A ação envolveu seis empresas e 55 profissionais, incluindo especialistas em captura de imagens, fisioterapeuta, técnicos de som, operadores de computação gráfica e de inteligência artificial. Hoje, F.Biz e Popeyes lançam a ação na internet. Incluirá, além de um vídeo, uma Dercy que vai interagir no Twitter e uma “fábrica” de memes no segundo semestre.

O planejamento começou em novembro. “A ideia de usar a Dercy veio do slogan da rede, que faz uma alusão a um palavrão (O frango frito f#*&)”, disse Alessandro Bernardo, vice-presidente de criação da F.biz. “Mesmo tendo morrido há mais de dez anos, ela está bem em moda e tem potencial de virar ‘meme’ nas redes.” Além disso, a atriz representa autenticidade – segundo ele, um valor raro hoje, época em que até os cílios são falsos, as notícias são “fake” e todo mundo faz pose.

Depois de conseguir o consentimento da família da atriz, veio a parte de pesquisa. A empresa de captura de imagens Dot Motion Studios selecionou algumas horas de gravações e fotos emprestadas da atriz para montar o holograma. O fitoterapeuta e especialista em biomecânica Paulo Lucareli, sócio da Dot, modelou o holograma com base nos movimentos de Dercy.

Além disso, para que fosse possível a interação com as pessoas no shopping, o ator e dublador Fred Mascarenhas – que fez, por exemplo, o Smurf Gênio, na animação Os Smurfs e a Vila Perdida – dava voz a Dercy e interpretava seu gestual. Ele usou batom, capacete e uma roupa especial, preta, cheia de pontos que refletem a luz capturada pelas câmeras 3D. O ator e a equipe da Dot ficaram numa sala dentro da lanchonete, afastados do público. “Fiquei duas semanas estudando os trejeitos da Dercy”, contou Mascarenhas.

Na praça de alimentação, foi montada uma espécie de janela por onde as pessoas podiam ver o holograma dançando, falando e cantando. Essa estrutura foi necessária para criar um ambiente escuro para refletir a luz do holograma.

Assim, quem passava por ali não escapava de um comentário da Dercy virtual – havia uma câmera para filmar o público ao vivo, que transmitia o que acontecia para o ator. Foram quase 12 horas de interação.

“Adoro a Dercy, conheço mais pela internet” disse Raul Nunes Cardoso, 15 anos, que foi ao shopping no dia da ação com a mãe e a irmã. Os três conversaram com o holograma e tiraram fotos. “É uma boa sacada. Essa rede nova tem potencial para investir e quer brigar com as outras grandes de ombro a ombro”, disse Raul.

Além de tornar a marca conhecida, a rede brigar com as grandes. Com sede na Louisiana, nos EUA, a empresa foi comprada em 2017 pela Restaurant Brands International, controlada pelos fundos 3G Capital (dos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira) e Berkshire Hathaway, do americano Warren Buffett. A RBI também controla o Burger King.

Fonte: Estadão
Créditos: Estadão