adultos agressivos

Crescer em ambiente violento pode mudar personalidade até vida adulta

É importante que crianças e adolescentes se desenvolvam em um ambiente gentil e amável. Quando elas estão expostas à um ambiente negativo, há a possibilidade delas se tornarem adultos agressivos. Segundo um estudo publicado pelo periódico Molecular Psychiatry, existem certas condições e atitudes em torno da fase infanto-juvenil que são capazes de direcionar o comportamento dos pequenos para pólos negativos, como por exemplo, o fato de viver em centros urbanos.

Fatores como o uso de maconha e álcool em idades prematuras, abuso (físico, emocional ou sexual), imigração e traumatismo craniano apenas aumentam as possibilidades. E a criança não precisa ter predisposição genética para apresentar um comportamento violento, pois este pode ser adquirido através do ambiente em que se cresce.

32 pesquisadores contribuíram para o estudo, que foi liderado pela cientista Hannelore Ehrenreich, que trabalha no Instituto de Medicina Experimental da Alemanha. A pesquisa é a primeira a apresentar provas concretas de que crescer em ambientes extremos pode alterar a expressão gênica dos jovens, através de um processo chamado epigenética.

Em estudos anteriores, os mesmos pesquisadores afirmaram que a esquizofrenia poderia se desenvolver dez anos antes do esperado em pessoas com predisposição para a doença que viviam em ambientes de risco. E no estudo atual, os mesmos fatores que configuram um ambiente como negativo levaram a uma probabilidade cinco vezes maior de se desenvolver um comportamento violento.

Como o estudo foi feito

Para chegar às conclusões apresentadas, os pesquisadores analisaram dados de estudos de seis diferentes populações. De modo geral, as informações foram provenientes de mais de 1500 pessoas que tinham esquizofrenia. Além disso, também foram estudadas 500 pessoas residentes da Espanha.

Foram analisados aspectos como o ambiente em que a pessoa cresceu, e se este poderia ser considerado nocivo. Além disso, fatores comportamentais, como o consumo de álcool e maconha antes dos 18 anos de idade, também foram levados em consideração. Após investigarem as informações, foi observado se os participantes que foram expostos a fatores de risco estavam sendo indiciados por crimes violentos como assédio sexual ou até mesmo assassinato.

Os pesquisadores coletaram amostras epigenéticas de sangue de um subgrupo contendo 142 pessoas, para comprovar a modificação biológica advinda da exposição à fatores extremos. Altos níveis de HDAC1 (enzima que participa em processos epigenéticos e em mudanças que podem ser causadas por fatores externos) também foram encontradas em pessoas com perfil de alto risco.

Resultados

Sem exceções, todos participantes que experienciaram ao menos um dos fatores de alto risco, tiveram as chances de se tornarem violentos aumentadas. A cada fator adicional de risco, essa chance aumentava. Caso a pessoa já tivesse experienciado todos os fatores de risco, a probabilidade de desenvolver uma personalidade destrutiva aumentava em até dez vezes.

“Nossos dados sustentam a ideia de que não é necessário ser predisposto geneticamente para desenvolver uma personalidade agressiva. Ser exposto à fatores negativos durante a fase da infância e adolescência já causa danos suficientes”, diz a autora do estudo.

Os resultados do estudo devem ser capazes de motivar ações sócio-políticas que identifiquem pessoas que vivem em meio a fatores de risco, criando novas formas de prevenir o surgimento de uma personalidade violenta. A urbanidade, migração e o abuso de substâncias devem ter atenção especial, pois segundo a autora do estudo, oferecem consequências psicológicas a longo prazo para as pessoas.

Fonte: Minha Vida
Créditos: Minha Vida