Cocaína e palavrões: 5 histórias do Bozo que parecem ficção, mas não são

Antes de conseguir o papel de Bingo, Augusto (como é chamado o personagem inspirado em Arlindo) é um ator de pornochanchada tentando conseguir um espaço nas novelas. Esperando por um teste em uma emissora, vê a fila de palhaços que concorrem ao papel e decide se candidatar. Mas o produtor americano dono da marca não gosta de nada que vê e não para de insultar os palhaços em inglês. Augusto se revolta com o tratamento e, na sua vez, começa a xingar o americano em português, fazendo o estúdio inteiro rir e ganhando, assim, o papel. Na vida real, foi quase a mesma coisa, com a diferença de que Arlindo já trabalhava no SBT e diz que não tinha a intenção de disputar a vaga, só queria “sacanear o gringo”.

Ousado, Bingo se coça desde o começo para sair do roteiro engessado do programa e improvisar. Quando consegue convencer a produção a atender ligações das crianças no ar, entra numa saia justa: um menino manda o palhaço tomar naquele lugar ao vivo. A reposta de Bingo? “Não amiguinho, eu tomo no copo que é mais limpinho. Mas se em casa a mamãe e o papai tomam de um jeito diferente, aí já não é assunto para o palhaço”. O verdadeiro Bozo foi um pouco menos debochado em sua resposta: “O quê? Tomate cru?”.

Incomodado com a concorrência de uma apresentadora infantil loira que usa pouca roupa, Bingo resolve chamar Gretchen (Emanuelle Araújo) para apimentar o programa com seu rebolado. Os dois se reencontram em uma premiação e transam no banheiro, com Augusto ainda caracterizado como Bingo. Detalhes picantes à parte, Arlindo teve um relacionamento com a cantora por dois anos, eles chegaram a se casar em uma cerimônia de candomblé e ele produziu o filme musical “Vamos Cantar o Disco, Baby”, estrelado por Gretchen e suas irmãs, que formavam o grupo As Melindrosas.

Determinado a fazer as crianças rirem e a se tornar um palhaço de verdade, Augusto procura um circo e começa, escondido, a ter aulas com os artistas (na foto, vividos por Domingos Montagner e seu antigo companheiro da companhia La Mínima, Fernando Sampaio). Na prova de fogo, faz um número de mímica em que toma banho no meio de um globo da morte, com motos girando ao seu redor. Em sua experiência circense, Arlindo não só fez esse que é um dos números mais perigosos do circo, como também comprou um filhote de leão para aprender a domá-lo.

Depois de perder a mãe, com quem tinha uma relação muito forte, Augusto se deixa levar ainda mais pelo vício em cocaína, que já vinha alimentando na vida de farras que passou a viver depois do sucesso de Bingo. Cheirando no camarim para conseguir gravar o programa, ele não só esquece de vestir o nariz de palhaço como seu próprio nariz começa a pingar sangue no palco. Em uma entrevista ao jornal “Notícias Populares” em 1998, Arlindo admitiu que adorava ser o Bozo, mas que não conseguia manter toda aquela alegria sem as drogas. “Meu nariz começou a sangrar. Eu tinha que gravar os programas com um algodão no nariz”, contou ele, que anos mais tarde desmentiu a história e disse que nunca usou drogas dentro do SBT.