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Antitranspirantes aumentam chances de desenvolver câncer de mama?

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos reforça que os produtos registrados têm comprovação de segurança, qualidade e eficácia dada pela Anvisa.

Uma mensagem que circula pelas redes sociais diz que o uso de antitranspirantes aumentaria as chances de desenvolver câncer de mama ao bloquear as glândulas sudoríparas, levando à doença. Por isso, para se prevenir, as mulheres deveriam abandonar o produto e apenas usar água e sabão. Mas isso é verdadeiro?

FALSO: Especialistas dizem não haver relação entre os antitranspirantes e o aumento de risco de desenvolver câncer de mama.

O texto compartilhado ainda afirma que a maior incidência desse câncer ocorre na região de aplicação dos antitranspirantes. Isso é verdade, segundo Renato Cagnacci Neto, mastologista do A.C. Camargo Cancer Center, mas o motivo é outro. A preponderância de câncer de mama nessa região próxima à axila, chamada quadrante superior externo, já ocorria antes do surgimento desses produtos. A questão é que nessa área do corpo existe mais tecido mamário.

“A preocupação é válida, por isso mesmo já foram feitos estudos sobre isso”, afirma o oncologista.

De acordo com ele, as pesquisas analisaram o efeito de tampar as glândulas sudoríparas e as consequências do uso de sais de alumínio e parabeno, componentes habituais de desodorantes antitranspirantes.

“Os dados científicos que temos mostram que não há essa relação de aumento de incidência de câncer de mama”, diz. Ele afirma que outros fatores, como idade e obesidade, são mais importantes para aumentar os riscos de câncer.

Outra incoerência da mensagem é dizer que, ao bloquear a transpiração, o corpo deixa de eliminar toxinas que, acumuladas no corpo, provocariam mutações nas células e o câncer.

Segundo Cagnacci Neto, de forma geral, as toxinas saem do corpo não apenas pelo suor, mas também nas fezes e na urina.

De acordo com o médico, essas mensagens ajudam a espalhar informações erradas, como a relação entre câncer de mama e depilação com lâmina, para a qual também não há nenhum respaldo científico.

Antonio Frasson, mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein, conta que a polêmica pode ter ressurgido após a publicação em 2016 de um estudo que estabeleceu uma ligação em camundongos entre câncer de mama e sais de alumínio.

“Mas nenhum estudo epidemiológico realizado em seres humanos conseguiu estabelecer uma relação direta. Até esta data, apenas dois estudos com alto nível de evidência científica analisaram as consequências da aplicação regular de antitranspirantes, não havendo comprovação que o seu uso tenha influência no aumento do risco de se desenvolver a doença”, esclarece.

“A internet é uma excelente ferramenta na disseminação de informações e conhecimentos, mas ao mesmo tempo serve para propagar boatos e mitos sobre diversos temas. Câncer é um dos tópicos favoritos”, opina Frasson.

Agências reguladoras como a brasileira Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) e as norte-americanas FDA (Food and Drugs Administration), que controla alimentos e remédios, e National Cancer Institut já emitiram notas específicas atestando que antitranspirantes são seguros.

Como evitar o câncer?

O Inca (Instituto Nacional do Câncer) recomenda ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e manter o controle do peso corporal, hábitos que podem evitar 28% dos casos de câncer de mama.

Além disso, a orientação é realizar o rastreamento por meio da mamografia, que diminui a mortalidade em cerca de 20% nas mulheres entre 50 e 69 anos.

O exame deve ser feito a cada dois anos. De acordo com o instituto, é o diagnóstico precoce que aumenta a sobrevida das mulheres.

A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos reforça que os produtos registrados têm comprovação de segurança, qualidade e eficácia dada pela Anvisa.

O Inca estima em cerca de 600 mil casos novos de câncer para o biênio 2016-2017. Para os homens, há mais casos de próstata (61 mil). Entre as mulheres, o mais recorrente é na mama (58 mil).

Fonte: Uol