De viúva a empreendedora: dona de fazenda vence preconceitos e dificuldades para alavancar seu negócio

Agosto de 2000. De repente, a professora Maria de Fátima Linhares se viu sem marido, que morreu após sofrer um assalto, e com duas missões: continuar a criação dos três filhos ainda crianças e, ao mesmo tempo, tocar o negócio da família, a Fazenda Mimoso, que tem produção diária de leite de vaca. Sem o mínimo de conhecimento acerca da administração do negócio, ela chegou a pensar em vender a fazenda, mas desistiu e, com a ajuda do Sebrae Paraíba, hoje é referência de empreendedorismo no município de Paulista, sertão do estado.

A empreendedora, que continua trabalhando como professora numa escola da cidade, relata que inicialmente passou por diversas dificuldades, seja por ser viúva e mulher à frente de um negócio, seja pela falta de conhecimento sobre como cuidar de uma fazenda. “Fiquei sem chão. A fazenda passou a ser um fardo para mim porque meu marido que administrava tudo. Eu não sabia, não tinha experiência e nem interesse, pois sou professora e sempre trabalhei fora. Além disso, ainda era dona de casa e mãe, o que tornou tudo mais difícil. Então, o começo foi repleto de dificuldades, mas tive ajuda de um parente do meu esposo, que é agrônomo, e que ao me ver querendo desistir e vender a fazenda, questionou: ‘você já pensou no que fazer quando seus filhos crescerem?’. Isso me fez acordar”, contou.

Foi aí que a vida de Maria de Fátima mudou: após assistir a uma palestra do Sebrae na cidade de Paulista, buscou informações sobre o projeto “Fazenda Eficiente”, na agência da instituição em Sousa. Em 2008, ela recebeu consultoria do Sebrae. “Foi quando tive conhecimento de que a fazenda seria uma empresa e, então, eu deveria tratar como tal. Aprendi a gerenciar custos e receitas, fazer controle reprodutivo e da alimentação de cada animal e a partir daí as coisas começaram a fluir. Apesar disso, dificuldades nunca deixamos de enfrentar. Por exemplo, mão de obra qualificada, inclusive para a manutenção da ordenhadeira, demanda da venda do leite, compra de insumos, enfim, são muitas dificuldades. Mas, a principal delas foi a seca, que ainda é algo que não conseguimos mudar”, constatou.

Ordenhadeira mecânica deu cara nova ao negócio -Desde que passou pela consultoria do Sebrae Paraíba, Maria de Fátima realizou diversas mudanças na fazenda, considerada uma micro empresa, e que a tornou referência em empreendedorismo na região. Em 2010, a empreendedora comprou uma ordenhadeira mecânica para auxiliar na produção do leite, além de ter trocado as vacas da fazenda por outras que produziam mais leite. Antes da intervenção do Sebrae na propriedade, existiam em média 40 vacas, com produção diária de cerca de 150 litros de leite. Atualmente, a fazenda conta com 25 vacas, que produzem em média 180 litros do produto por dia.

“Com a ordenhadeira mecânica, aumentamos a produção mesmo com quantidade menor de vacas. Além disso, antes tínhamos três funcionários, mas agora apenas um dá conta de ordenhar as vacas. Dos meus três filhos, dois estudam em áreas relacionadas à fazenda: um está para concluir o curso de Medicina Veterinária, na UFCG em Patos, e o outro faz Agronomia na UFCG em Pombal. Eles ajudam desde a tomada de decisões até a questões de medicamento para o gado, conhecimento sobre pasto e plantio do capim”, explicou a empreendedora.

Devido ao período de inverno, marcado na região por uma oferta maior que a demanda por leite, a dificuldade é escoar com valor rentável a produção. A projeção da empreendedora é que nos próximos meses, fora do período de baixa estação, a produção diária chegue a 250 ou até mesmo 300 litros. Além da produção de leite, ela também comercializa bezerros e novilhos.

“Uma ideia tem o poder de transformar seu mundo” – A partir desta quinta-feira (30), o Sebrae Paraíba vai lançar uma campanha contando histórias de empreendedores de sucesso que foram auxiliados pela instituição. A primeira a ser relatada será a de Maria de Fátima Linhares, que poderá ser conhecida durante os intervalos do Jornal Nacional.

Fonte: Ekonomy
Créditos: Ekonomy