investigação

MEC analisa erros nas provas do 1º dia do Enem

O governo Bolsonaro já identificou problemas nas provas do primeiro dia e ampliou o escopo de análise.

Os erros identificados nas notas do Enem 2019 não são limitados às provas do segundo dia, como havia sido divulgado no sábado (18) pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

O governo Bolsonaro já identificou problemas nas provas do primeiro dia e ampliou o escopo de análise.

Após comemorar o sucesso na realização do Enem 2019, o MEC (Ministério da Educação) divulgou no sábado que participantes receberam notas erradas. Segundo o governo, o erro partiu da gráfica Valid, que passou a imprimir as provas no ano passado.

Até então, os erros confirmados haviam sido identificados apenas no segundo dia da prova (matemática e ciências da natureza).

A assessoria do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao MEC, confirmou neste domingo (19) que passou analisar também as provas do primeiro dia (linguagens, ciências humanas e redação).

De acordo com a assessoria de imprensa do instituto, a ampliação da análise ocorreu para tranquilizar os candidatos após o órgão receber pelas redes sociais muitos pedidos para que fosse considerado o primeiro dia.

No entanto, funcionários do Inep confirmaram à Folha, sob condição de anonimato, que já foi identificado erro na prova de linguagens, do primeiro dia.

No sábado, o governo trabalhava com a informação de que os erros poderiam alcançar até 1% dos participantes, o que representaria cerca de 39 mil pessoas. Não há informações se esse novo escopo de análise vai aumentar essa expectativa.

O Inep trabalhava até a tarde de sábado com um universo de análise de 50 mil provas, o que resultaria em um número considerado reduzido de possíveis erros. Mas esse universo muda a todo momento, segundo informações recebidas pela reportagem.

Os primeiros relatos surgiram nas redes sociais na sexta-feira (17), quando o MEC liberou as notas. O governo disponibilizou um email (enem2019@inep.gov.br) para receber reclamações.

O estudante Matheus Krabbe​, 17, identificou problemas também na sua nota de linguagens, ocorrida no primeiro dia.

“Logo que vi a nota sabia que tinha alguma coisa errada. Porque fui melhor neste ano [2019] do que no ano passado mas a nota era mais baixa”, disse.

Krabbe é de Guarulhos (SP) e quer usar a nota do Enem para uma vaga em relações internacionais na USP —a estadual seleciona parte dos alunos a partir do desempenho no exame.

O estudante, que fez cursinho paralelo à uma escola técnica privada, encaminhou a mensagem ao Inep sobre seu caso, mas está pessimista.

“Não posso mais depender disso”, diz. “Na sexta-feira já fui buscar uma bolsa em cursinho”.

Também há relatos nas redes sociais de questionamentos na nota da redação, mas ainda não há confirmações sobre isso.

A estudante Thaís Garcia Inocêncio, 21, já encaminhou mensagem ao Inep questionando a nota de redação. Ela recebeu 780 na redação, mas avaliações de professores de seu cursinho, a partir do rascunho do texto, estimavam uma nota bem superior.

“Não acho que houve falha na correção, mas deve ter tido algum erro na digitação”, diz ela, que é paulista e atualmente mora em Londrina (PR).

​Thaís chegou a iniciar uma faculdade em jornalismo, cujo ingresso foi pelo Enem, e depois desistiu. Agora, busca uma vaga em psicologia na UEL (Universidade Estadual de Londrina). “O problema é que o Inep não se pronunciou, ninguém falou nada da redação e estou um pouco desesperada”.

Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Folha de S. Paulo