Triste do país que naturaliza o abuso de um presidente da República, que usa o cargo para formar um partido - Por Lilia Moritz

Em nova live, realizada nessa quinta, dia 14, o presidente “explica” sua saída do PSL e a criação do tal “Aliança pelo Brasil”. Nenhuma palavra sobre programa de governo, ideias, opiniões que definem o novo partido. É tudo uma questão de “amor”. Disse ele, dessa vez sem gritar: “Vou começar um partido pobre, sem dinheiro, sem televisão. Quem for para lá vai por amor. É igual casamento, a gente casa por amor”. Só não disse o que entende por amor. A pergunta correta talvez seja “Amor a quem?” A ele mesmo, pois o chefe do executivo é conhecido por não agregar ou compor. É sempre ele à frente dos demais interesses. Na “live”, ele reduziu a sua saída do partido e a criação de um novo partido como uma relação conjugal: “Boa sorte ai ao presidente do partido, boa sorte aos que apoiaram o presidente do partido bem como o antigo líder [deputado Delegado Waldir (PSL-GO), que chamou Bolsonaro de vagabundo]. Vão (sic) ser feliz todo mundo, cada um segue o seu destino. Como separação, infelizmente acontece”. Como se pode notar, o presidente entende partido como família ou grupo de WhatsApp. Nada mais patrimonial (e sem disfarce. Anunciou também que usará as igrejas neopentecostais para alcançar as 500 mil assinaturas necessárias para viabilizar seu novo partido. Triste do país que naturaliza o abuso de um presidente da República, que usa o cargo para formar um partido. E cujo “programa” consiste no amor incondicional a ele, Jair Bolsonaro, acima de tudo. 130 anos do golpe da República, praticado com a ajuda do Exército, e ainda estamos enredados em um tenente aposentado que não quer ser presidente, mas imperador. Programa o partido não tem, mas símbolo sim: mais uma vez “sequestraram” o nosso verde e amarelo.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Lilia Moritz