"tremenda irresponsabilidade"

'Não foi uma fatalidade', diz viúva de homem morto em acidente no Beach Park

Ela estava com a filha do casal, uma menina de 8 anos, quando o acidente aconteceu

A viúva do radialista Ricardo José Hilário Silva, morto ao cair em um brinquedo do Beach Park, na segunda-feira (16), afirmou ao Fantástico que a tragédia na Grande Fortaleza”não foi uma fatalidade”. “Uma tremenda irresponsabilidade, uma falta de insegurança”, disse Luciane Cristina da Silva. Ela estava com a filha do casal, uma menina de 8 anos, quando o acidente aconteceu.

Luciane contou que ela, o marido e a filha esperavam juntos para descer na atração Vainkará. No entanto, Ricardo se separou delas porque foi convidado para ocupar o lugar que faltava no grupo que iria à frente.
Cada boia comportava quatro pessoas. Ricardo, então, completaria o grupo que estava prestes a descer.

“Falaram para o meu marido: ‘Você pode vir com a gente?’. Aí, o Ricardo falou: ‘Então ‘tá’, vou com vocês'”, narrou Luciane. Ela e a menina desceriam na boia seguinte, apenas segundos depois.

Segundo ela, ninguém perguntou sobre o peso dos participantes. Nenhuma boia poderia, de acordo com exigência do próprio Beach Park, ultrapassar os 320 quilogramas somando o peso dos quatro ocupantes. O G1 apurou que, na boia de Ricardo, esse valor havia sido ultrapassado.

A viúva afirmou só ter percebido o acidente depois que terminou a descida na atração. Luciene relatou que foi alertada por um funcionário do Beach Park já na piscina ao final do brinquedo.

“Quando eu olhei para trás, eu vi que era meu marido e vi que era muito grave o que aconteceu”, narrou.

Ricardo morreu na hora, de traumatismo craniano associado a trauma na coluna. Ele foi enterrado na quarta-feira (18) em Sorocaba (SP), cidade onde morava.

Desde o acidente, o brinquedo está interditado. O Beach Park, em respeito à família, não funcionou no dia seguinte à tragédia. O parque também retirou a placa que indicava o nome da atração. A perícia que vai determinar as causas do acidente deve ficar pronta em um mês.

‘Um marido dedicado’

Luciene contou que era a terceira vez do casal em Fortaleza: uma na lua de mel dos dois e a outra quando a filha ainda era um bebê. Eles já haviam visitado o Beach Park. “[Desta vez], a gente foi pela minha filha, para que ela aproveitasse”, disse.

O radialista Fábio Cardoso de Oliveira afirmou que o amigo Ricardo estava feliz por conseguir viajar com a filha. “Tudo o que ele falava era ao redor da filha dele”, relembrou.

“Ele [Ricardo] era um pai apaixonado pela minha filha. Ele era um marido dedicado. Dedicado à família”, contou Luciene.

 Ocupante relatou tragédia: ‘filme de terror’

O comerciante Tarcísio Pontes, que descia junto com Ricardo, contou que a boia virou em uma das rampas do escorregador. O radialista bateu a cabeça no começo de um túnel do brinquedo, disseram os relatos.
“Eu percebi que o Ricardo tinha desmaiado, que ele não estava consciente. Peguei ele e o coloquei no meu peito, e aí veio uma onda mais forte, levando a gente até a piscina”, relatou.

Tarcísio ainda está abalado com o acidente. “Todo momento estou me lembrando disso, de tentar salvar ele e não conseguir ter êxito”, disse.
“Como você entra num lugar para se divertir e em segundos você entra num filme de terror?”

Parque e fabricante respondem

Em nota, o Beach Park disse que “as autoridades e as perícias vão esclarecer se a boia foi utilizada conforme limite de segurança. Além disso, a empresa assegurou que foram feitos cem testes oficiais antes da liberação do brinquedo.

O Beach Park também afirmou que “segue os protocolos de segurança e as recomendações do fabricante”, e que “seus funcionários avaliam a altura e o peso dos usuários”. O parque mantém sinalizações indicativas no acesso aos brinquedos.

A fabricante do brinquedo, a empresa canadense Proslide, afirmou que a morte de Ricardo “foi a única fatalidade com um usuário em uma das milhares de instalações” da companhia “no mundo”.

 

 

Fonte: G1
Créditos: G1