Escândalo

MP Eleitoral aciona na Justiça petista que criou aplicativo de elogios fake na eleição

Toda a engenharia do impulsionamento fake de conteúdos se dava a partir de um aplicativo – batizado de "O Brasil Feliz de Novo" – criado e administrado por empresas do deputado, que permitia aos internautas acessar os conteúdos produzidos pelo esquema para favorecer petistas na internet.

BRASÍLIA – Pivô do escândalo de compra de elogios na internet durante a campanha deste ano, o deputado Miguel Corrêa (PT-MG) tornou-se nesta semana alvo de uma ação do Ministério Público Eleitoral de Minas por abuso de poder econômico. Revelado pelo GLOBO, o esquema comandado pelo deputado petista prometia dinheiro a influenciadores digitais que ajudassem a propagar na internet conteúdos favoráveis a candidatos petistas e desfavoráveis a adversários do partido. O MP eleitoral pede na ação que o petista seja declarado inelegível pela Justiça.

Toda a engenharia do impulsionamento fake de conteúdos se dava a partir de um aplicativo – batizado de “O Brasil Feliz de Novo” – criado e administrado por empresas do deputado, que permitia aos internautas acessar os conteúdos produzidos pelo esquema para favorecer petistas na internet.

Na ação, o procurador regional eleitoral Angelo Giardini de Oliveira afirma ter constatado, a partir da quebra do sigilo fiscal de Corrêa e de suas empresas e sócios – Follow, Fórmula, Be Connected e Golz –, que o petista utilizou recursos financeiros de diferentes empresas de sua propriedade para favorecer sua candidatura e as candidaturas de outros políticos petistas, o que caracterizaria o crime de abuso de poder econômico.

“Restou demonstrado que as empresas envolvidas, integrantes do grupo econômico acima descrito, foram indevidamente utilizadas para desenvolvimento e gerenciamento de aplicativo destinado a promover a campanha de candidatos nas eleições de 2018, especialmente a do investigado Miguel Corrêa. Configurado, na hipótese, assim, nítido abuso de poder econômico, em frontal violação ao disposto na legislação eleitoral”, diz o procurador no texto.

Como O GLOBO revelou em agosto, além do próprio Corrêa, o aplicativo de compra de elogios na internet foi utilizado pelas campanhas da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, do governador Wellington Dias, no Piauí, do senador Lindbergh Farias, do candidato petista ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, entre outros.
O procurador, no entanto, só pode atuar no episódio envolvendo o petista de Minas, o que justifica o protocolo da ação apenas contra Corrêa. Cabe às unidades do Ministério Público Eleitoral em outros estados investigar as suspeitas de irregularidades envolvendo outros candidatos petistas que teriam utilizado o aplicativo para impulsionar conteúdos pagos irregularmente.

O advogado Sérgio Augusto Santos Rodrigues, que defende Miguel Corrêa, disse que o deputado ainda não foi citado sobre a ação e que a defesa dele só vai se manifestar após ter acesso aos autos.

Fonte: O GLOBO
Créditos: O GLOBO