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Motoristas da Uber e 99 protestam por tarifa mais cara para passageiros

Motoristas de aplicativos fizeram um protesto nesta sexta-feira (26) na sede da Uber, na zona sul de São Paulo - na última quinta

Motoristas de aplicativos fizeram um protesto nesta sexta-feira (26) na sede da Uber, na zona sul de São Paulo – na última quinta (25), os condutores já tinham feito uma manifestação na 99. Entre as exigências da ação, está a revisão dos preços praticados nos serviços, o que impactaria em maior ganho ao motorista e maior despesa para passageiros a cada viagem.

O estopim para o início das ações foi uma mudança no modelo de cobrança da 99, ocorrida na última terça-feira, como explicado ao UOL Tecnologia o condutor Paulo Reis, um dos líderes da manifestação e que trabalha em apps há quatro anos e sete meses. A exigência é de uma revisão na tarifa cobrada do passageiro e que seja revertida em mais ganhos aos donos dos carros.

“A Uber mudou a forma de pagamento em setembro do ano passado e alguns motoristas, como a 99 pagava melhor, deixaram a Uber. Agora a 99 além de baixar o valor adotou o mesmo tipo da Uber, que é um valor por minuto e inferior ao que ganhávamos”, aponta.

A mudança citada por Paulo na Uber foi um novo cálculo que fez com que motoristas ganhassem de forma similar a taxistas. Segundo Paulo, hoje em dia a tarifa-base cobrada é R$ 7 por corrida em São Paulo, dos quais o motorista ganha agora R$ 5,40. Já o valor pago por km, também de acordo com o motorista, teria passado de R$ 1,38 para R$ 0,90. O protesto pede um aumento em ambas as taxas para os motoristas.

As exigências dos motoristas:

  • Aumento no valor por km cobrado do passageiro
  • Aumento na taxa mínima cobrada do passageiro para no mínimo R$ 10
  • Saber o destino do passageiro antes (99 já faz isso)
  • Preço adicional por km para passageiros adicionais no carro
  • Recadastro do passageiro com foto e verificação do documento
  • Reajuste automático conforme reajuste de combustível
  • Em caso de banimento da plataforma, direito à ampla defesa do motorista
  • Diminuir o tempo de esperar pelo passageiro na Uber de 5 minutos para 3 minutos
  • Taxa adicional em corridas de madrugada

Menos passageiros?

Nem mesmo o temor de que um aumento da tarifa afugente passageiros e diminua a demanda de apps do tipo impede a manifestação, que começou por meio de um grupo de Telegram – o app rival do WhatsApp não tem um número máximo de pessoas por grupo. Para Paulo, o passageiro ganhará mais segurança se o preço da tarifa aumentar.

“Vou te fazer uma pergunta: quanta custa sua vida? Você pega um carro barato que a plataforma paga menos ainda para o motorista, acaba negligenciando a manutenção. Se ocorrer um acidente com você a bordo, a seguradora vai ver que teve negligência e não pagar o seguro. Vai ter que processar a plataforma, é uma economia burra”, diz Paulo Reis.

Vai cair a demanda no primeiro momento, mas passado um tempo vão voltar. Ainda que haja reajuste da tarifa para o passageiro o custo é infinitamente menor do que ter um veículo e de pegar táxi
Paulo Reis

Outro motorista presente no ato, Henrique Pereira lembrou ao UOL Tecnologia que há uma defasagem e que as plataformas não fazem reajuste das tarifas há anos. “O que a gente está precisando é melhorar a tarifa, faz mais de quatro anos que não tem nenhum tipo de aumento. A gente está largado”, aponta.

Há ainda mais reivindicações de motoristas. Assim como ocorreu em janeiro, quando manifestações foram feitas pelo país e houve até ameaça de paralisação da categoria, os condutores exigem mais segurança no cadastro dentro dos apps. Cleiton Freitas, outro motorista, cita que a classe pede que as plataformas exijam uma foto e um documento para cadastro de usuários, como faz com condutores.

99 promete resposta; Uber não recebe motoristas

Segundo a organização, cerca de 200 motoristas estiveram na frente da 99 durante o protesto da última quinta – em um vídeo ao qual a reportagem do UOL Tecnologia teve acesso, cerca de 40 pessoas aparecem na porta da sede da empresa, mas motoristas afirmam que havia mais pessoas espalhadas pela rua.

No ato, os líderes do movimento conseguiram conversar com a 99, que prometeu uma resposta até esta sexta às 18h sobre a mudança no valor pago a cada corrida. Sobre as outras demandas, ficou acordado que motoristas fizessem um estudo de custo operacional e enviassem para a empresa nas próximas semanas.

Em nota enviada à reportagem, a 99 confirmou que na última quinta adotou uma nova fórmula de cobrança por corrida, que permite ao motorista-parceiro ser remunerado por tempo e distância percorrida em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Curitiba. A empresa, contudo, diz que isso visa ampliar os ganhos do condutor.

“Traz duas variáveis de remuneração (tempo + distância), e ainda corrige perdas em situações adversas como congestionamentos ou imprevistos que alterem o trajeto no início da viagem. Agora, os ganhos do motorista passam a ser calculados de forma independente ao valor pago pelo passageiro considerando o tempo e a quilometragem da corrida, permitindo que o motorista receba um valor mais rentável em situações que fujam ao seu controle”, afirma a empresa.

A 99 explica ainda que com a mudança pode reduzir o preço cobrado do passageiro sem afetar o ganho do condutor, o que fará com que o motorista de São Paulo ganhe em média 8% a mais por corrida.

Já o protesto na Uber, segundo organizadores, contava com cerca de 100 carros. Os líderes do protesto disseram ter a promessa de serem recebidos pela empresa às 14h desta sexta, mas isso não ocorreu. Com isso, os motoristas deixaram o local e foram em direção ao aeroporto de Guarulhos para fechar o bolsão próprio de estacionamento para motoristas da Uber.

Em contato com o UOL Tecnologia, a Uber se limitou a dizer que é uma “plataforma democrática e dinâmica que balanceia as necessidades de usuários e motoristas, promovendo viagens acessíveis e confiáveis nas cidades”.

Fonte: Uol
Créditos: Uol