Abusos sexuais

Juiz acata novo pedido de prisão contra João de Deus, por porte ilegal de armas

O juiz Liciomar Fernandes da Silva, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), acatou novo pedido de prisão contra o médium João de Deus, que está desde domingo (16) no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia suspeito de abusos sexuais durante tratamento espiritual. Ele sempre negou as acusações.

O juiz Liciomar Fernandes da Silva, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), acatou novo pedido de prisão contra o médium João de Deus, que está desde domingo (16) no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia suspeito de abusos sexuais durante tratamento espiritual. Ele sempre negou as acusações.

Agora, João de Deus também está detido por porte ilegal de armas de fogo, já que em operações em endereços ligados a ele foram apreendidas seis armas, além de mais de R$ 400 mil, pedras preciosas e medicamentos. Ao G1, o advogado Alberto Toron disse desconhecer o novo decreto de prisão, mas criticou a decisão (veja íntegra abaixo).

Entenda os rumos da investigação

O pedido foi feito pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Goiás. “Já foi decretada nova prisão dele pelas armas. Manifestamos ontem e já foi decretada. Encontrarmos armas de uso permitido e de uso restrito. Esse crime pode levar a pena de 3 a 6 anos”, disse o promotor Luciano Meireles.
Segundo ele, a posse de armas de uso restrito configura crime hediondo. Os modelos das armas encontradas ainda não foram divulgados. O órgão informou que aguarda resultados de perícia para confirmar quais são.

A defesa de João de Deus já teve dois pedidos de habeas corpus negados — no TJ e no Superior Tribunal de Justiça. Nesta quarta (19), Toron protocolou novo pedido no Supremo, mas ainda não obteve resposta.

De acordo com a assessoria do TJ, ainda que a liberdade seja concedida, João de Deus não pode ser solto por haver um novo decreto de prisão contra ele.

Casos

O MP-GO informou que recebeu 596 contatos por e-mail e já identificou 255 vítimas. Dessas, 75 tiveram os depoimentos coletados. As denunciantes são de 15 estados brasileiros e outros seis países.

Investigação

João de Deus teve a prisão decretada no dia 14 de dezembro, a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO). No dia 16, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia.
O médium prestou depoimento em seguida, durante três horas. João de Deus afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos diasanteriores à prisão.
O jornal “O Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Os casos vieram à tona no programa Conversa com Bial de 7 de dezembro. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.

Nota da defesa de João de Deus

1. É deplorável que profissionais da imprensa tenham à decisão e os advogados do investigado, não!
2. A decretação da nova prisão preventiva, além de desnecessária, pois o investigado já está preso, se mostra idônea porque calcada no desejo de calar o clamor público contra a impunidade. A jurisprudência de nossos tribunais é pacífica no sentido de que a prisão preventiva não se presta a punir sem processo e sem defesa. Prisão preventiva serve para tutelar os interesses cautelares do processo, coisa que não se demonstrou.
4. A nova busca e apreensão foi determinada com base em denúncia anônima e foi genérica, o que é inadmissível. Mais. Não se lavrou Auto de Apreensão no local como manda a lei. Portanto, a diligência é írrita.
Alberto Zacharias Toron, advogado

Fonte: G1
Créditos: G1