tragédia

FAB diz que não foi avisada sobre resgate frustrado de piloto após pouso forçado em rio na selva

“Tem que acionar o Corpo de Bombeiros para que possa auxiliar nesse tipo de busca"

A Aeronáutica informou neste domingo (18) que não foi avisada sobre o resgate frustrado do piloto Elcides Rodrigues Pereira, de 64 anos, após ele ter pousado à força o monomotor que guiava dentro do rio Catrimani, na Terra Indígena Yanomami, região Sul de Roraima.

A tentativa de resgate do piloto, que sobreviveu ao pouso, foi feita pela Paramazônia Táxi Aéreo, a própria empresa dona do monomotor, e só salvou o técnico em enfermagem Ednilson Cardoso, de 28 anos, que também estava no voo. O acidente aéreo ocorreu na quarta (14) e o corpo do piloto só foi achado três dias depois pelos Bombeiros.

Por meio de nota, a Aeronáutica divulgou que recebeu a informação que empresa iria buscar os sobreviventes uma hora após o pouso, assumindo a partir de então, a responsabilidade pela ação.

Porém, segundo a nota, nada foi dito sobre o acidente durante o resgate. Uma investigação foi aberta pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa).

Ao G1, Arthur Neto, dono da Paramazônia, negou ter ocultado a tentativa frustrada de resgate do piloto. Ele disse que avisou, na mesma tarde, a Força Aérea Brasileira sobre o ocorrido.

“Informei, sim, a FAB. Tanto é que mandaram equipe do Cenipa [Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos] para cá”, declarou Neto. Ele quis dar mais declarações.

Um vídeo feito pelo técnico em enfermagem mostrou o momento do pouso forçado dentro do rio em uma região de mata densa, no meio da selva amazônica após o monotor ter dado pane elétrica.

As imagens registraram que Elcides Rodrigues pediu socorro à Paramazônia e deu a localização exata de onde iria pousar. O piloto e o técnico em enfermagem estavam em missão pela Secretaria Estadual de Saúde Indígena (Sesai).
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde, responsável pela Sesai, e aguarda retorno.

No entanto, durante o resgate apenas o técnico foi salvo, porque o piloto não conseguiu subir nas cordas jogadas pelo helicóptero da empresa, caiu dentro do rio e desapareceu. O corpo dele foi achado a seis quilômetros do local do acidente.

“Tentamos muito puxá-lo para dentro do helicóptero, mas ele estava muito molhado e cansado e por isso acabou caindo dentro do rio. Eu desci e fui atrás dele, mas não o achamos mais”, contou Ednilson Cardoso.

De acordo com o técnico, a aeronave decolou de Boa Vista às 13h e pouco depois, às 14, teve a pane elétrica que forçou o piloto a fazer o pouso no rio Catrimani. A missão em que os dois estavam pela Sesai consistia em buscar uma criança doente na comunidade Marari, na Terra Yanomami.

Apesar do acidente ter ocorrido na tarde de quarta, o Corpo de Bombeiros diz que só foi acionado à noite e enviou equipes de resgate para a região na manhã de quinta-feira (15).

Sobre o resgate ter sido feito pela própria empresa, o comandante do Corpo de Bombeiros de Roraima, coronel Doriedson Ribeiro, afirmou que em casos como esses o procedimento correto é acionar chamar os bombeiros para fazerem as buscas.

“Tem que acionar o Corpo de Bombeiros para que possa auxiliar nesse tipo de busca, até porque temos aqui militares especialistas em busca aeronáutica, na mata e em mergulhos. Então, o interessante é que se chame a corporação para que se faça esse tipo de procedimento”.

Fonte: G1