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ECONOMIA: Brasil reduz previsão de crescimento para 2020 em quase dois pontos

O número, porém, ainda não considerava o agravamento da crise do novo coronavírus.

O Governo brasileiro reduziu hoje a sua previsão de crescimento para este ano dos 2,10% calculados na semana passada para 0,22%, numa revisão motivada pelo efeito da pandemia do novo coronavírus na economia do país.

A nova projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deste ano consta num relatório sobre receitas e despesas do executivo, divulgado hoje pelo Ministério da Economia.

Na semana passada, o Governo já havia reduzido a sua projeção para o crescimento do Brasil em 2020, dos 2,4% esperados no início do ano para 2,1%. O número, porém, ainda não considerava o agravamento da crise do novo coronavírus.

A previsão foi revista na semana passada, face a uma possível e acentuada queda nas exportações para os países afetados pelo vírus, principalmente a China, o maior parceiro econômico do Brasil, assim como de um colapso nos preços de matérias-primas das quais o país sul-americano é um importante fornecedor.

A nova revisão já leva em conta a paralisação das atividades no Brasil causada pelas medidas adotadas para travar o avanço do coronavírus, como a suspensão provisória de operações nas fábricas e o encerramento de alguns tipos de comércio.

Apesar de o executivo, liderado pelo Presidente, Jair Bolsonaro, ter baixado a sua projeção, os economistas ainda a consideram otimista, com algumas entidades a preverem que o Brasil feche 2020 com uma retração.

O Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, anunciou hoje que reviu sua previsão do PIB, não esperando mais um crescimento de 1,8%, mas uma retração de 0,7%.

O centro privado de estudos econômicos Fundação Getulio Vargas (FGV), num relatório também divulgado hoje, calcula que a economia brasileira possa retrair-se 4,4% em 2020 devido à crise do coronavírus, que seria sua maior queda num ano desde 1962.

A instituição usou modelos matemáticos para projetar uma paralisação de atividades de pelo menos três meses, a partir do que aconteceu no Brasil em 2018, quando uma greve de camionistas, que durou 11 dias, provocou uma crise de abastecimento que se prolongou por vários meses e se refletiu no crescimento do país.

As previsões são de um duro golpe numa economia que estava a crescer lentamente, após a recessão que sofreu em 2015 e 2016.

No relatório divulgado hoje, o Governo também informou que uma redução na arrecadação prevista para este ano, devido ao coronavírus, levaria a um bloqueio de 37,5 mil milhões de reais (sete mil milhões de euros) em recursos para os vários Ministérios. Contudo, isso não acontecerá devido ao decreto de estado de calamidade pública no país.

O Senado do Brasil aprovou hoje, por unanimidade, um projeto que reconhece o estado de calamidade pública no país devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Como também já foi aprovado na Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar), o estado de calamidade pública entrará em vigor no Brasil assim que o texto for publicado no Diário Oficial da União, não precisando de ser ratificado pelo Presidente da República.

A medida confere ao Governo maior flexibilidade sobre o orçamento e permite aumentar os gastos com saúde sem se preocupar com a meta de ajuste fiscal proposta para este ano.

O Brasil, com uma população de 210 milhões, registou até agora seis mortes e tem 621 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, infetou mais de 265 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 11.100 morreram.

Fonte: UOL
Créditos: UOL