Astrologia Política

Como o Brasil tornou-se o reino do astrólogo da Virgínia? - Por Anderson Costa

Após a eleição de Jair Bolsonaro, em outubro de 2018, o seu mentor intelectual, Olavo de Carvalho, viu o seu nome ser catapultado a um nível nunca anteriormente experimentado.

Após a eleição de Jair Bolsonaro, em outubro de 2018, o seu mentor intelectual, Olavo de Carvalho, viu o seu nome ser catapultado a um nível nunca anteriormente experimentado. No governo do capitão, Olavo pôde apontar nomes para ocupar ministérios, secretarias e cargos de alta patente. Ele viu seus alunos assumirem uma posição de elite intelectual no país, imagem esta que ele sempre buscou vender para os mesmos alunos e da qual era desejoso que o mundo inteiro passasse a corroborar.

Desde janeiro, quando Bolsonaro subiu a Esplanada dos Ministérios, Olavo sempre esteve no centro de alguma polêmica. Primeiro o vimos rejeitar a possibilidade de aceitar o ministério da Educação e em seguida rejeitar o cargo de embaixador brasileiro nos Estados Unidos, alegando não ter interesse de unir-se de forma embrional a atual gestão. O mesmo Olavo inicialmente teceu algumas críticas modestas ao presidente da República e a sua forma de gerir o Brasil, quando o chefe do executivo tomou decisões que o desagradaram.

Durante a viagem de Bolsonaro com o os seus filhos aos Estados Unidos, Olavo voltou a gozar de um prestígio dentro do governo que tem feito com que as estruturas da gestão estejam cada vez mais moldando-se segundo a sua visão de mundo. Desde o retorno de Bolsonaro, Olavo não agiu mais timidamente na sua busca de influenciar o presidente e o governo como um todo e como consequência vem enxergando inimigos em todos o grupos que não aceitam curvar-se ante a ele, como se o mesmo fosse uma espécie de rei de histórias fantásticas.

Olavo, na busca por demonstrar poder, já discutiu com religiosos e militares que aglutinaram-se ao redor de Bolsonaro durante as eleições e que, ao contrário da sua opinião expressa através dos seus, foram importantes para que o presidente tivesse a sua volta um grupo grande o suficiente para fazer frente ao PT e aos seus seguidores reunidos durante 13 anos no poder. O astrólogo atualmente deseja ser a maior influência neste governo, ser o único a dar o ponto final e ser reverenciado como um pináculo da sabedoria do povo brasileiro.

O povo brasileiro ao eleger Bolsonaro talvez não imaginava que estivesse elegendo uma figura extremamente belicosa, com posicionamentos intransigentes e uma horda de seguidores ufanistas ao seu redor. Pois bem, Brasília atualmente converteu-se numa repartição do estado norte-americano da Virgínia e que vê Olavo governar sentado em sua poltrona, com um rifle na mão e o cachimbo na boca, vociferando contra inimigos criados por ele mesmo.

Por fim, compreendendo que apenas a magia poderá salvar o Brasil da astrologia filosófica de Olavo, sugiro que Paulo Coelho ressurja para poder, trajado de mago branco, lançar seus feitiços e assim libertar a nação. Nesta semana Olavo voltou a afirmar que não mais dará seus pitacos no governo de Jair Bolsonaro, como ele já afirmou coisas semelhantes no passado para voltar atrás logo em seguida, acredito que não vimos ainda o fim do governo Bolsonaro/Olavo e que na realidade o astrólogo está buscando ter um respiro após suas recentes desavenças com os militares do governo.

 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Polêmica Paraíba

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba