Opinião

'TODO REINO DIVIDIDO NÃO SUBSISTE': Bolsonaro precisa tomar as rédeas da Presidência da República - por Felipe Nunes

Montagem: Polêmica Paraíba

‘Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá’. Embora tenha aplicado essas palavras em outro contexto, a parábola de Jesus Cristo pode ser utilizada para explicar o que está acontecendo com o Governo do presidente Jair Bolsonaro, mergulhado em uma crise provocada pelas confusões entre seus próprios integrantes.

O Governo ainda está no começo, mas a sensação que se tem diante da sucessão de crises, é que já estamos na metade ou no fim de um Governo. A nova gestão ainda não conseguiu se estabilizar no Palácio do Planalto e tem sido abalada diariamente por crises internas, provocadas seja por declarações infelizes de seus ministros ou principalmente pela disputa de poder que circunda o entorno do presidente. A oposição, capitaneada pelo cambaleante Partido dos Trabalhadores (PT), nem precisa se mexer para provocar estragos.

A mais nova crise, provocada após o atrito entre o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, e o Secretário Geral da Presidência da República, Gustavo Bebbiano, é a mais simbólica de todas as crises, pois representa um descompasso grave, no coração do Poder; uma falta de sincronia e de confiança entre os integrantes do Governo. Trata-se de uma crise que pode crescer, minar prematuramente o respaldo político do Governo e colocar em risco a aprovação das reformas que o país precisa.

O presidente fez bem quando mandou a Polícia Federal investigar as denúncias envolvendo o ministro Bebianno, que teria autorizado um repasse de R$ 400 mil para uma candidata ‘laranja’ de Pernambuco, conforme o jornal ‘Folha de São Paulo’. Mas em vez de decidir pela exoneração ou não do ministro de imediato, ou organizar uma reunião de emergência, como teria feito qualquer Governo, a crise foi ampliada quando o filho do presidente resolveu levar o mal-estar com o ministro para as redes sociais e fazer uma exposição indevida do Planalto.

Os filhos do presidente, incluindo Carlos Bolsonaro, apesar das boas intenções ao tentar ‘abrir’ os olhos do pai ao apontar erros e falhas de integrantes do Governo, não podem continuar agindo por impulso e sem medir as consequências políticas de seus atos. Bolsonaro é o presidente. Os filhos precisam agir com discrição e deixar que o pai seja o protagonista da história para o qual o povo o elegeu.

Na outra ponta, o general Hamilton Mourão parece ter esquecido que foi eleito para ser exatamente vice-presidente da República e assumir um papel de bastidor, de auxílio e substituição do presidente quando necessário. Até a última semana, seguiu protagonizando uma série de discordâncias com o Governo, elogiando ideias da oposição e utilizando a imprensa como amplificador de suas dissidências. Após a repercussão negativa, no final de semana parece ter recuado a um ponto de sensatez. Mas não se sabe até quando ficará assim.

Sem falar em parte dos deputados eleitos pelo PSL, que ainda não aprenderam qual é o papel que um deputado federal precisa desempenhar. A ida à China para conhecer um sistema de segurança baseado em reconhecimento facial foi somente a primeira bizarrice. As disputas internas e as brigas por espaço parece que são mais importantes do que as discussões que estão por vir no Congresso.

Apesar de tantas batidas de cabeça, em pouco menos de dois meses o Governo deu passos importantes na direção daquilo que o país decidiu nas eleições: encaminhou um projeto de lei que endurece a lei contra o crime e contra a corrupção, decretou a flexibilização da posse de armas (medida que necessita de reflexão maior, mas que foi uma promessa de campanha); rescindiu contratos fraudulentos, deu transparência a atos governamentais do BNDES, foi ágil nas catástrofes enfrentadas nesse início de ano, como a Tragédia de Brumadinho, e está dando corpo às reformas que o país necessita.

É mister que Bolsonaro, nesse momento crucial para o país, não deixe a esperança de muitos morrer na praia. Ele é o presidente dos que votaram e dos que não votaram nele, de um país continental com problemas graves e urgentes. A responsabilidade é grande. O Capitão precisa chamar o feito à ordem, assumir às rédeas da Presidência da República, dar um verdadeiro ‘freio de arrumação’ em sua equipe e colocar as coisas em ordem. Ou faz isso  ou Governo não subsistirá, assim como profetizou o homem mais sábio que pisou nessa terra.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Felipe Nunes