Pietro e o estupro à probidade!!

Nilvan Ferreira

Quem é Pietro? Você já ouviu falar em Pietro? Viu alguma foto dele em jornal ou revista especializada em grandes negócios empresariais? Já leu alguma matéria sobre ele em que o assunto principal foi o comércio de livros, o ranking das grandes editoras no mercado brasileiro ou os títulos mais vendidos aqui e fora do Brasil? Calma, pois vou explicar. Fiz estas perguntas, porque alguém que consegue movimentar negócios tão significativos, teria que ser uma figura de destaque no meio empresarial.

Na Paraíba, todos nós conhecemos os homens e mulheres que movimentam grandes cifras em negócios. E são todos homens e mulheres de bem. Pessoas que pagam seus impostos, geram empregos, contribuem com o desenvolvimento do nosso estado. E poderia citar alguns destes paraibanos fortes. Se qualquer cidadão observar quem integra a relação dos 100 maiores contribuintes do ICMS, poderá reconhecer grandes empreendedores, figuras de destaque, e, portanto, bastante conhecidas, pois recebem o destaque que sua importância exige nos assuntos empresariais.

Todos os dias ouvimos falar em grandes empresários do ramo da construção civil, do comércio de móveis e eletrodomésticos, usineiros que ainda mantém seus negócios, proprietários de revenda de automóveis, entre outros setores, que influenciam diretamente a nossa economia.

Agora, confesso que nunca ouvi falar, jamais lí algo ou assisti qualquer informação sobre o empresário ou vendedor de livros, conhecido pelo nome de Pietro Harley Dantas Felix. Como alguém atua no mundo empresarial, vencendo grandes e milionárias licitações no âmbito do poder público e ninguém conhecia até o último final de semana? Como esse rapaz, de apenas 35 anos de idade, juntou as peças pessoais em termos de influência e em tão pouco tempo acumulou uma verdadeira fortuna, segundo o que se comenta nos bastidores dos assuntos do momento?

O próprio Pietro Harley, o jovem, influente e milionário empresário, confessou isso ao dizer que no ano passado comprou uma fazenda na cidade de Taperoá, após ter sacado o dinheiro, fruto do pagamento pela venda de livros, destinado à secretaria de educação aqui de João Pessoa. Quem é esse rapaz? Quem são seus amigos no poder? Qual a sua procedência em termos de negócios aqui e em outros lugares? Qual o histórico de sua situação fiscal? Que outros parceiros ele dispõe para conseguir movimentar tantos recursos públicos?

O escândalo que envolve o pagamento de mais de dois milhões de reais por parte da Prefeitura de João Pessoa continua eivado de mistérios e que carecem de esclarecimentos urgente. É uma verdadeira lama, capaz de absorver pelos menos meia dúzia de “ratos” ou “ratazanas”, especializados em fazer desaparecer o dinheiro do povo. Esse pagamento feito pela gestão do ex-prefeito Ricardo Coutinho, denunciado pela Revista Época, no último final de semana, já se transformou num caso de polícia.

Muita coisa precisa ser explicada. Existe ou não procuração verdadeira para que Pietro Harley representasse Daniel Gonçalves e recebesse os pagamentos de sua empresa? Pietro é mesmo sócio de Daniel na empresa vencedora da licitação? Os livros, produto da licitação, realizada pela prefeitura da capital, foram mesmo entregues e serviram aos nossos estudantes das escolas municipais? Porque as contas foram abertas em outra cidade? Porque o pagamento não foi efetuado de forma prática, via transferência de conta para conta e optou-se pela emissão de cheques nominais, que foram sacados em contas existentes em João Pessoa e Taperoá? Quem mais estaria envolvido nesta tramóia? O que mostram as imagens do circuito interno de câmeras na agência bancária da cidade de Taperoá? Quem acompanhou Pietro Harley no momento em que ele sacou a quantia milionária na “boca do caixa”?

Acontece que qualquer cidadão fica horrorizado quando toma conhecimento de um fato como este denunciado pela revista. O caso estrapola os limites da tolerância cívica. Viola o interesse público e a probidade. São péssimos exemplo de como não lidar com o dinheiro do povo. Em se confirmando a roubalheira, torna o cidadão, cada vez mais descrente em relação aos seus políticos.