ANÁLISE

'Quanto mais diversidade, melhor', dizem EUA sobre ministério de Temer

Washington Post também chamou a atenção para a questão de gênero

O Departamento de Estado americano reiterou nesta sexta (13) “o poder da diversidade” para o bom funcionamento das democracias, ao comentar a ausência de mulheres no ministério do presidente interino, Michel Temer.

Questionado sobre o assunto na entrevista diária a jornalistas, o porta-voz Departamento de Estado, John Kirby, primeiro evitou responder, repetindo o discurso cauteloso do governo americano nos últimos dias, de que confia na capacidade do Brasil de superar suas dificuldades de forma democrática.

Um repórter, porém, insistiu na pergunta, lembrando a ênfase que o governo de Barack Obama deu nos últimos anos à importância de aumentar a representação feminina em cargos públicos.

“Não estamos nos esquivando desse sentimento de forma alguma”, disse Kirby. “Você ouviu o secretário falar muito sobre o poder da diversidade aqui no Departamento de Estado e nas democracias no exterior. E nós ainda acreditamos que para uma democracia atingir todo o seu potencial ela precisa incluir e representar toda a sociedade”.

O tema é recorrente nos discursos do atual secretário de Estado americano (equivalente a chanceler), John Kerry. “Não se pode construir o mundo de hoje quando metade da população está no banco de reservas. É impossível”, disse Kerry num evento no ano passado.

Antes dele, a diplomacia americana era comandada por Hillary Clinton, que está perto de se tornar a primeira mulher escolhida como candidata de um dos grandes partidos dos EUA em uma eleição presidencial.

O jornal “Washington Post”, um dos mais importantes do país, também chamou a atenção para a questão de gênero em uma reportagem sobre o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência. “Primeira mulher presidente do Brasil é substituída por homem cuja mulher é 42 anos mais jovem que ele”, foi o título da reportagem.

O Brasil atravessa um período de “desafio político significativo”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, voltando a expressar confiança de que o país saberá sair da crise e a ressaltar a importância de que os cargos públicos reflitam a diversidade das sociedades.

“Nós acreditamos que o Brasil tem uma democracia forte o suficiente para lidar com tudo isso e também estamos convencidos, pela importância da relação, que nós continuaremos a ter um forte relacionamento bilateral com o Brasil. Mas, falando de forma geral, obviamente quanto mais diversidade melhor”.

Fonte: Folha de S. Paulo