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Paraibanos citados na Lava Jato já projetam eleições de 2018

O relógio voa contra a operação Lava Jato. Um levantamento publicado pela Folha de São Paulo neste domingo (14) mostra que parlamentares citados por delatores creem pouco em condenação. A maior parte deles, inclusive, já projeta as eleições de 2018. Entre os 84 procurados pela reportagem, dois paraibanos nutrem o desejo de “mergulhar” no pleito do ano que vem. São eles o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), cotado para a reeleição ou disputa do governo, e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP). Ambos são suspeitos de ter recebido dinheiro de caixa 2 pago por empreiteiras.

O traço comum entre os entrevistados pela Folha é a descrença na condenação. Todos, vale ressaltar, negam a irregularidade. Cássio e Aguinaldo, ao ser questionados, evitaram fazer críticas ao trabalho do Ministério Público Federal. Não há qualquer surpresa na reação dos parlamentares. A elite política brasileira está acostumada à benevolência do voto, muitas vezes conseguido através de intrincada e não republicana estrutura eleitoral. Mas o sinal de alerta foi aceso em vários partidos. Tucanos, petistas, pepistas e peemedebistas têm visto suas bases eleitorais secarem.

Acusações

Denúncias de corrupção, misturadas a pautas impopulares, fizeram os tucanos amargarem a mesma impopularidade do PMDB. Uma pesquisa feita pelo partido mostrou que dois terços dos eleitores que votaram no senador Aécio Neves, em 2014, se arrependeram. Por isso, ele perdeu a viabilidade eleitoral para 2018. O presidente Michel Temer (PMDB), também denunciado, tem avaliação pessoal inferior à de Dilma Rousseff (PT) antes do impeachment. Para completar, o ex-presidente Lula (PT), réu em cinco processos, terá dificuldades para ser eleito em 2018, mesmo que não seja condenado até lá.

Agora, convenhamos, chega a ser tolice a avaliação dos parlamentares de acharem que não haverá consequência para eles. Talvez nunca na história deste país o Legislativo esteja tão desacreditado. Não há dúvidas de que haverá profunda mudança na sua composição, no que o ex-juiz Marlon Reis, idealizador da Ficha Limpa, chama de “voto faxina”. Em relação ao Executivo, no ano passado, quando analisou o risco iminente de cassação da chapa Dilma-Temer, Cássio Cunha Lima não conseguiu, ao ser questionado, apontar na política tradicional um nome para a disputa indireta pelo cargo.

A política tradicional tem sofrido com a repercussão dos escândalos de corrupção. Mesmo assim, a Justiça dá provas de que não conseguirá fazer a tempo a faxina dos políticos que eventualmente venham a ser culpados. Ou seja, vai sobrar para o eleitor…

Fonte: Jornal da Paraíba
Créditos: Suetoni Souto Maior