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Para Temer, índice de abstenção e votos brancos abre discussão sobre voto facultativo

‘Isso tem de ser acompanhado com a pregação da cidadania, disse ele em entrevista à Rede TV

michel temer cristo brasilO presidente Michel Temer disse que a elevada proporção de votos brancos, nulos e abstenções nas eleições municipais no país deve abrir a discussão, dentro da reforma política, sobre a obrigatoriedade de votar. Ele afirmou, porém, que a eventual adoção do voto facultativo tem de ser acompanhado de esclarecimentos sobre a importância de eleger representantes. As declarações foram dadas nesta sexta-feira em entrevista na Rede TV.

– Talvez fosse o caso de começar a examinar a hipótese do voto facultativo. Evidentemente que isso tem de ser acompanhado com a pregação da cidadania – afirmou Temer, para quem o voto funciona como uma “procuração” dada pelo cidadão a quem o representará. – Acho que há naturalmente um mal-estar com a classe política. E muitas vezes a crítica vem pelo silêncio, pela abstenção, pelo voto nulo.

Temer defendeu que é “preciso refazer os costumes políticos”, mas jogou para o Legislativo a tarefa de avançar no tema por meio da aprovação da reforma política. Segundo ele, o “Executivo quer que isso aconteça”, referindo-se à reforma política, “mas tem que ser pelo Congresso Nacional”.

TEMER DEFENDE PARLAMENTARISMO

O presidente disse que o governo não deixará de executar as políticas sociais, citando o reajuste e a manutenção do Bolsa Família, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Cartão Reforma, a ser lançado pela União para que famílias carentes possam reformar a moradia com empréstimos subsidiados e a fundo perdido. Temer voltou a negar que a PEC que congela os gastos do governo por 20 anos afetará os mais pobres. Ele explicou que o teto é geral, mas haverá flexibilidade para tirar recursos de uma área e colocar em outra.

– Seria me chamar, me permita a expressão forte, de idiota – afirmou Temer, sobre os boatos de que o governo iria cortar o Bolsa Família.
Temer, que sucedeu a ex-presidente Dilma Rousseff após o impeachment, defendeu o parlamentarismo como uma opção para o Brasil, dizendo que tal sistema político cria soluções práticas para trocas necessárias de governo. O presidente disse que o parlamentarismo “seria útil para o país” e que poderia ser discutido no âmbito da reforma já para 2018.

– É possível (entrar em discussão). Há muitos agentes políticos que são parlamentaristas, você pode discutir na reforma política para 2018 ou para 2022 – afirma Temer. – No Parlamento, se acontecer um desastre no governo, você muda o governo com maior tranquilidade.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Sem dar detalhes sobre a Reforma da Previdência, que, segundo ele, está ainda em fase de elaboração pelos técnicos do governo, o presidente garantiu que haverá paridade de regras entre trabalhadores da iniciativa privada, do serviço público e a classe política. Ele afirmou que as mudanças no critério de idade poderão atingir quem tem menos de 50 anos e regras de transições para que já passou dessa idade.

Temer defendeu as privatizações, concessões e outras formas de aquecer a economia e diminuir o desemprego. Garantiu, porém, que áreas como saúde, segurança e educação não estão no alvo de tais medidas. O presidente afirmou não ter “objeção” em relação à venda de terras para estrangeiros, desde que haja uma “regulação adequada”.

O presidente evitou marcar posição crítica em relação à Venezuela, afirmando que a preocupação do Brasil é sob o foco humanitário e político, para que haja tranquilidade no país. Ele lamentou o fato de o governo de Nicolás Maduro ter recusado uma doação de remédios feita pelo chanceler José Serra.

Fonte: O Globo