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Movimento pró-monarquia quer 'reparar uma injustiça cometida e perpetuada por décadas'

João Pessoa vai sediar evento que pede o fim do atual sistema político

Desde que a República foi proclamada no Brasil em 15 de novembro de 1889, o país passou por vários períodos históricos e fases políticas diferentes. Experimentou golpe de estado, ditadura, mudou de capital e outros pontos da história brasileira que poderiam ser ressaltados.

Mas desde que a República foi proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, um grupo seguiu insatisfeito com os rumos tomados pela política nacional, os monarquistas. Eles pedem que o Brasil volte a ser uma monarquia constitucional e que um membro da família Bragança seja novamente o governador deste país.

Desde que o presidente Epitácio Pessoa revogou a lei que mantinha os membros da família imperial exilados na Europa e permitiu que eles retornassem ao Brasil o movimento pró-monarquia ganhou força e seguiu pedindo o reestabelecimento do antigo modelo de governo.

Durante a redemocratização que ocorreu no Brasil após o fim do regime militar o grupo teve sua maior chance de ver o Brasil retornar a ser um império. No ano de 1993 foi realizado um plebiscito que permitia aos brasileiros que votassem qual o modelo de governo desejavam que o país tivesse após aquela eleição. Na disputa entre o presidencialismo e a monarquia o segundo modelo foi derrotado com menos de 14 por cento dos votos totais. Desde então os defensores da monarquia seguiram sem muitas expectativas tentando manter um debate sobre o tema esperando que seja criado um novo plebiscito onde segundo suas crenças conseguirão obter um resultado diferente.

Esperanças renovadas

Devido a crise política e econômica que o Brasil vem passando nos últimos anos, e a grande descrença que a maioria da população brasileira nutre em relação a classe política após diversos escândalos de corrupção, o movimento voltou a ganhar adeptos entre as camadas da sociedade e parece estar mais forte do que esteve nos últimos 20 anos.

Os principais líderes da família real brasileira Dom Luiz de Orleans e Bragança e seu irmão Dom Bertrand de Orleans e Bragança voltaram a ganhar espaço na mídia. Essas aparições recentes permitiram que os “herdeiros” do trono se tornassem rostos conhecidos entre o público mais jovem.

Essa superexposição recente permitiu que esse público tomasse conhecimento da causa. Tentando se manter cada vez mais próximo desse público os monarquistas viram na internet sua maior arma para seguirem crescendo e conquistando novos adeptos. Com páginas do Facebook e canais no Youtube dedicados a apoiar e promover a monarquia brasileira os membros do movimento falam para um grupo composto pelos eleitores do futuro. Eles tentam seguir conquistando hoje os que podem permitir que amanhã a monarquia volte a ser o sistema de governo do país.

Rossandro Aranha Filho, membro do Instituto Leão XIII, grupo que realizará, neste mês, o I Encontro Monárquico Paraibano, afirmou que o evento contará com a presença do príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança.

Rossandro falou sobre o atual momento do movimento pró-monarquia e sobre a visão que os membros do movimento possuem acerca da nossa república. “Desde a instituição da República através do golpe militar de 1889, foram feitas todas as formas possíveis para tentar calar os monarquistas, porque havia medo de repressão popular ao novo regime”, afirmou.

Ele denunciou a tentativa de calar qualquer tipo de debate sobre sistema de governo e destacou que “em todas as constituições, até em 1988, em virtude de um pedido cordial feito pelo príncipe Dom Luiz de Orléans e Bragança aos membros da constituinte para que na nova constituição não fosse colocada como cláusula pétrea a possibilidade de debater sobre o regime republicano e criticá-lo”.

Desde então, segundo ele, os monarquistas têm liberdade para falar abertamente sobre o regime e fazer críticas oficialmente ao regime republicano. “Temos autonomia para isso e nada nos impede, constitucionalmente; o plebiscito da década de 90 foi feito de todas as formas para impedir que a monarquia viesse à tona no imaginário popular”, relatou.

Rossandro finalizou dizendo que “o momento agora é de reparar uma injustiça cometida e perpetuada por décadas, desde o golpe, e atuando nesses ambientes públicos estamos exercendo nossos direitos como cidadãos”.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Anderson Costa