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HISTÓRIA POLÍTICA 1989: Senador Lira diz que reatou boa relação com Fernando Collor - Por Nonato Guedes

O senador Raimundo Lira (PMDB-PB), que presidiu a Comissão Processante do Impeachment da presidente Dilma Rousseff, confessou à reportagem que reatou a boa relação com o ex-presidente Fernando Collor de Melo, também alvo de processo de impeachment em 1992. Lira e Collor são companheiros de legislatura no Congresso Nacional. Em 89, Collor, que havia deixado o governo de Alagoas para disputar a presidência da República, foi à residência de Lira, no Lago Sul, em Brasília, receber o seu apoio na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a primeira eleição presidencial direta após o regime militar instaurado em 64 no País.

Lira diz que reatou boa relação com Collor
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O senador Raimundo Lira (PMDB-PB), que presidiu a Comissão Processante do Impeachment da presidente Dilma Rousseff, confessou à reportagem que reatou a boa relação com o ex-presidente Fernando Collor de Melo, também alvo de processo de impeachment em 1992. Lira e Collor são companheiros de legislatura no Congresso Nacional. Em 89, Collor, que havia deixado o governo de Alagoas para disputar a presidência da República, foi à residência de Lira, no Lago Sul, em Brasília, receber o seu apoio na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a primeira eleição presidencial direta após o regime militar instaurado em 64 no País.

Lira conta que a atual relação com Collor se estreitou a tal ponto que as famílias de ambos costumam se visitar mutuamente em Brasília. No plenário, os dois parlamentares nem sempre votam afinados. Collor procura ter uma atuação abrangente, até por ter sido presidente da República, e Lira foca sua prioridade na defesa dos interesses do Nordeste e, em particular, da Paraíba. Este repórter foi testemunha da adesão de Lira à candidatura de Collor ao Planalto em 89, numa segunda-feira, em Brasília. Collor chegou à residência de Lira, na época, em companhia do candidato a vice-presidente, Itamar Franco, e do falecido senador por Pernambuco Ney Maranhão.

Havia uma expectativa sobre como Collor “administraria” apoios políticos na Paraíba, já que era simultaneamente apoiado por Lira e pelo então governador Tarcísio Burity, que romperam por questões paroquiais. Num rápido “briefing” com Collor na casa de Lira, este repórter indagou-lhe como faria para conciliar a presença na Paraíba convivendo com dois adversários locais. Ele assegurou que viria à Paraíba e que encontraria uma fórmula conciliatória. A proposta era de que Burity recepcionasse Collor em João Pessoa e Lira em Campina Grande e em Patos. Foi mais ou menos o que aconteceu. Só que Lira foi se encontrar com Collor na cidade de Patos, devido a alterações na programação da sua permanência em nosso Estado.

Burity: decepção – Tarcísio Burity, que cumpria seu segundo mandato à frente do governo da Paraíba, havia sido o primeiro governador em todo o país a declarar apoio à candidatura de Fernando Collor de Melo, que se apresentava como “caçador de marajás” na mídia. Burity estava se afastando do PMDB, que lançara a candidatura de Ulysses Guimarães – um dos últimos colocados na eleição presidencial daquele ano. O então governador havia se envolvido em divergências sérias com o senador Humberto Lucena, presidente do diretório regional do PMDB e que em 86 havia aberto mão da sua candidatura ao governo para acolher Burity como “dissidente”. O rompimento com o PMDB acabou sendo irreversível e gerou polêmica nos meios de comunicação locais.

Posteriormente, Collor já presidente, Burity ficou extremamente decepcionado com ele por ter dado aval à decisão da sua equipe econômica de decretar a liquidação extrajudicial do Paraiban. O ex-governador paraibano desabafou que fora “apunhalado” pela ex-ministra Zélia Cardoso, da Economia, e pelo ex-presidente do Banco Central, Ibrahim Éris. Mas o seu desapontamento maior era com Collor, por ter lhe emprestado apoio em caráter pioneiro no Brasil e não ter sido correspondido. A reabertura do Paraiban aconteceu no governo de Ronaldo Cunha Lima, que se sucedeu a Burity, e que contou com o empenho decisivo do vice-governador Cícero Lucena e de parlamentares paraibanos – Lira, inclusive – para que isto acontecesse.

Raimundo Lira era considerado “azarão” na disputa de 1986, quando logrou se eleger a uma das vagas ao Senado – a outra ficou com Humberto Lucena, eminência parda do PMDB. Empresário do setor automobilístico, com base de atuação em Campina Grande, Lira foi lançado na política por Burity e derrotou nas urnas o ex-governador Wilson Braga, até então um campeão de votos no Estado. No único mandato de senador que exercera até então, Lira chegou a ser presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, uma das mais cortejadas pela sua influência na liberação de autorização de empréstimos para Estados. Ele retornou ao Senado recentemente com a renúncia de Vital do Rêgo, do qual era suplente, e que foi nomeado para ministro do Tribunal de Contas da União. Comentando os fatos da história política local que o envolveram, Lira salienta que tomou atitudes em função de conjunturas e que nunca trabalhou para destruir pessoas. “Meu compromisso maior continua sendo com o interesse público”, frisou, deixando transparecer que detém muitos “segredos” de bastidores da atuação política no cenário nacional, o que virá à tona em momento oportuno.

Por NONATO GUEDES

Fonte: OSGUEDES
Créditos: NONATO GUEDES