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Ex-presidente da Transpetro diz que repassou de R$ 1,5 milhão para Temer. - VEJA TODOS OS VÍDEOS DO DELATOR

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado reiterou nesta quinta-feira (16), por meio de nota, que o presidente em exercício Michel Temer pediu a ele, em 2012, ajuda para a campanha do então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, que hoje está no PDT.

Em nota, Machado reitera que Temer pediu doação para Chalita em 2012

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado reiterou nesta quinta-feira (16), por meio de nota, que o presidente em exercício Michel Temer pediu a ele, em 2012, ajuda para a campanha do então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, que hoje está no PDT.

O relato foi feito por Machado em depoimentos aos investigadores da Operação Lava Jato, após fechar acordo de delação. Temer informou que não vai comentar a nota. Pela manhã, em pronunciamento no Palácio do Planalto, o presidente em exercício classificou de“irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa” a delação de Machado.
“Quando se faz acordo de colaboração assume-se o compromisso de falar a verdade e não se pode omitir nenhum fato; falo aqui sob esse compromisso”, diz a nota divulgada pelo ex-presidente da Transpetro por meio de sua assessoria de imprensa. (leia a íntegra ao final da reportagem).

Na nota, Machado reafirma que foi procurado, em 2012, pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que transmitiu a ele um apelo de Temer: colaborar com a campanha de Chalita, que enfrentava dificuldades financeiras.

O ex-presidente da Transpetro diz que, em setembro daquele ano, reuniu-se com Temer na Base Aérea de Brasília para tratar do assunto. Àquela altura, o peemedebista era vice-presidente.

“Na conversa, o vice-presidente Michel Temer solicitou doação para a campanha eleitoral de Chalita”, afirma Machado no comunicado. “O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da Transpetro, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora”, prossegue.

Machado diz que procurou a empresa Queiroz Galvão, que tinha contratos com a Transpetro, e que conseguiu uma doação de R$ 1,5 milhão, feita de forma oficial ao diretório nacional do PMDB, que repassou o dinheiro à campanha de Chalita. “A doação oficial pode ser facilmente comprovada por meio da prestação de contas da campanha do PMDB”, diz Machado.

No texto, ele também afirma que nunca se encontrou com Chalita.

Presidência do PMDB
Na delação, Machado disse também que Temer assumiu a presidência do PMDB em 2014 para controlar a destinação de recursos doados pela JBS a políticos do partido para campanhas eleitorais.

Na época, o executivo disse ter ouvido de vários senadores que o grupo JBS repassaria R$ 40 milhões para abastecer as campanhas de candidatos do PMDB ao Senado.

No entanto, por ser exclusiva para o Senado, a doação foi objeto de queixa por parte do PMDB da Câmara. “Esse fato fez com que Michel Temer reassumisse a presidência do PMDB visando controlar a destinação dos recursos do partido”, disse Machado.

O conteúdo da delação veio à tona nesta quarta (15), após ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em troca da colaboração, Machado pode ter a pena reduzida, se for condenado por algum crime. O delator disse que repassou propina a mais de 20 políticos.

Pronunciamento de Temer
Na manhã desta quinta, ao falar no Planalto, Temer disse que não deixaria as afirmações de Machado “passarem em branco”. Para o presidente em exercício, a “leviandade não pode prevalecer”.

“E ao falar como ser humano, eu quero me dirigir à minha família, aos muitos amigos e conhecidos que tenho no Brasil, quero me dirigir ao povo brasileiro, que não deixarei passar em branco essas afirmações levianas que acabei de mencionar. […] Enquanto alguns deixam passar em branco, eu não deixarei. Devo revelar com palavras indignadas, ao meu estilo, para registrar que esta leviandade não pode prevalecer”, afirmou.

Temer ressaltou que alguém que tivesse cometido os “delitos irresponsáveis” que Machado apontou na delação premiada “não teria condições de presidir o país”.

Ontem, após a divulgação do teor da delação, o presidente em exercício divulgou uma nota na qual disse ser “absolutamente inverídica” a informação de que ele teria pedido recursos ilícitos a Machado. Temer afirmou que mantinha “relacionamento apenas formal e sem nenhuma proximidade” com Machado.
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Na nota, Temer disse que “sempre respeitou estritamente os limites legais para buscar recursos para campanhas eleitorais”.

Por meio de assessoria, o senador Valdir Raupp diz que “repudia com veemência as ilações” de Machado e afirma nunca ter solicitado a ele doações para campanhas eleitorais.

Chalita informou, em nota, que não conhece Sérgio Machado e que nunca pediu recursos ou qualquer outro tipo de auxílio à sua campanha.

A Queiroz Galvão informa que não comenta investigações em andamento e diz que todas as doações eleitorais que fez obedecem a Legislação.

A JBS diz que as doações para campanhas eleitorais foram realizadas de acordo com as regulamentações do TSE e esclarece que o seu diretor de Relações Institucionais não participou de nenhuma reunião. A empresa afirma ainda que lamenta que mais uma vez esteja envolvida em acusações que agridem, de forma infundada, sua imagem, marcas, reputação e conduta ética.

A Transpetro informou que analisa o conteúdo das delações de Sérgio Machado e de seus filhos, que “é vítima da prática de delitos” e que, como tal, será beneficiada pela multa a ser paga pelo delator. A empresa ressalta ainda que “atua em conjunto com a Petrobras e colabora com os Órgãos Externos de Controle, Ministério Público e Poder Judiciário”.

ÍNTEGRA DA NOTA DE SÉRGIO MACHADO

Sobre o pronunciamento feito hoje pelo Presidente Interino Michel Temer, reafirmo que:

1) Quando se faz acordo de colaboração assume-se o compromisso de falar a verdade e não se pode omitir nenhum fato; falo aqui sob esse compromisso;

2) Em setembro 2012 fui procurado pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), presidente em exercício do partido, com uma demanda do então vice-presidente da República, Michel Temer: um pedido de ajuda para o candidato do PMDB a prefeito de São Paulo, Gabriel Chalita, porque a campanha estava em dificuldades financeiras;

3) Naquele mesmo mês, estive na Base Aérea de Brasília com Michel Temer, que embarcava para São Paulo. Nos reunimos numa sala reservada;

4) Na conversa, o vice-presidente Michel Temer solicitou doação para a campanha eleitoral de Chalita;

5) O vice-presidente e todos os políticos citados sabiam que a solicitação seria repassada a um fornecedor da TRANSPETRO, através de minha influência direta. Não fosse isso, ele teria procurado diretamente a empresa doadora;

6) Após esta conversa mantive contato com a empresa Queiroz Galvão, que tinha contratos com a TRANSPETRO, e viabilizei uma doação de R$ 1,5 milhão feita ao diretório nacional do PMDB; o diretório repassou os recursos diretamente à campanha de Chalita. A doação oficial pode ser facilmente comprovada por meio da prestação de contas da campanha do PMDB;

7) É fato que nunca estive com Chalita;

Sérgio Machado

Fonte: g1
Créditos: g1