Abraji repudia

Empresário suspeito de patrocinar mensagens anti-PT expõe número de celular de jornalista

"A Abraji repudia a exposição indevida do telefone do repórter Ricardo Galhardo pelo empresário Luciano Hang"

O dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, expôs, na sexta-feira (19), o número de celular do repórter do Estadão, Ricardo Galhardo, em sua conta no Twitter. O profissional relatou à Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) o caso e contou que foi ameaçado pelo empresário quando o ligou para saber das denúncias de que ele estaria envolvido no esquema de patrocínio a mensagens anti-PT disparadas em massa no WhatsApp.

A Abraji emitiu nota de repúdio sobre o caso. Veja na íntegra.

Empresário divulga celular de repórter em rede social

Na noite desta sexta-feira (19.out.2018) o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, publicou em seu perfil no Twitter o número de celular do repórter Ricardo Galhardo, do Estadão. Hang tem mais de 56 mil seguidores.

O empresário divulgou o número na sequência de uma postagem em que acusa o jornalista de “querer vincular o envio de mensagens de texto da Havan a clientes com política”: “olha o nível da baixaria!!”, diz Hang.

Observando a norma profissional de ouvir todos os lados de uma questão, Galhardo ligou para o empresário para obter declarações sobre a suspeita de que ele contratou envios de mensagens em massa a favor do candidato Jair Bolsonaro (PSL-RJ). “Quando perguntei sobre o assunto, ele me xingou, disse que iria ‘me f***er’ e que iria colocar meu telefone nas redes sociais”, relata o jornalista.

Com a divulgação do número, Galhardo passou a receber mensagens agressivas no WhatsApp. O departamento jurídico do jornal foi acionado para tomar providências legais. O Twitter removeu a postagem por considerá-la abusiva, uma violação das regras de uso da plataforma.

A Abraji repudia a exposição indevida do telefone do repórter Ricardo Galhardo pelo empresário Luciano Hang. Ações como esta comprometem a liberdade necessária aos jornalistas para fazer perguntas — especialmente as incômodas. Sem essa liberdade, a democracia definha.

Diretoria da Abraji, 19 de outubro de 2018.

Fonte: Parlamento PB
Créditos: Parlamento PB