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A crise no PSDB e o temor das eleições 2018

Os tucanos mais bem informados temem que eles tenham perdido as condições de eleger o presidente da República nas eleições de 2018. Esta sensação de pessimismo toma conta das bases do partido por causa do racha interno que a cada dia se agrava.

A passagem do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, por Minas Gerais foi objeto de constrangimento nos bastidores do ninho tucano. A humilhante destituição do seu colega de Senado Tasso Jereissati (CE), que o substituía interinamente no cargo deixou feridas de difícil cicatrização.

Uma onda de pessimismo toma conta das bases tucanas por causa das brigas na cúpula.
Tasso estava no posto provisoriamente desde maio, quando veio à tona um áudio em que Aécio pedia R$ 2 milhões a executivos do frigorífico JBS. A biografia de Aécio, daquele momento em diante, passou a ficar manchada para sempre. Muitos dos seus eleitores ficaram desapontados com o seu envolvimento em casos de corrupção, como aqueles relatados que aconteceram em Furnas.

Ao se referir a Aécio e ao grupo que defende as posições do senador mineiro composto, sobretudo, por políticos que possuem cargos de confiança no governo Temer, Tasso Jereissati, magoado, foi direto ao ponto: “O PSDB desses caras não é o meu. E não é o do Fernando Henrique, do Mário Covas, do José Richa, do Franco Montoro”, declarou.

A manobra de Aécio também visa enfraquecer FHC e agradar o prefeito de São Paulo, João Doria,  e aos tucanos que fundaram o partido. Ao mesmo tempo, fortalecer o goiano Marconi Perillo, governador de Goiás, que também vai concorrer à presidência do PSDB e é apoiado por Aécio.

Uma parte do tucanato, afinada com o estilo de Aécio, tocas as coisas, acredita que Perillo tenha todas as condições morais e éticas para assumir a presidência do PSDB, tendo, inclusive, superado graves acusações contra ele feitas durante os últimos anos pelo atual vereador Jorge Kajuru.

No auge dos ataques a Marconi Perillo, Kajuru contou uma história confusa e que hoje ele garante pertencer ao passado e não ter mais nada contra o governador de Goiás. Em 4 de julho de 2016, Kajuru relembrou que “em 2002, fui tirado de Goiânia num sábado às 11 da manhã num avião para São Paulo, porque algumas pessoas próximas alegavam que eu estava correndo risco. Essas mesmas pessoas me aconselharam a tirar uns 15, 20 dias e ir para um lugar seguro, o momento não estava bom para mim. Um jornalista foi assassinado com sete tiros no centro da cidade. Semana passada, quase mataram outro jornalista, quebraram a costela dele. Fiz minha mala, chamei dois seguranças, que são ex-policiais e falei: ‘Não temos prazo para voltar’”.

Mesmo pertencendo a outro partido, Jorge Kajuru é do PRP, amigos em comum gostariam de ver o radialista e Marconi Perillo do mesmo lado, pois acreditam que hoje eles têm muita coisa em comum. Se Perillo conseguir ser presidente do PSDB, não estaria descartada a ideia de trazer Kajuru para o PSDB e assim reforçar a ala mais popular do partido que nutre saudade do governo de FHC.

Outro assunto que também tem merecido análises nas conversas de bastidor é que o ministro Aloysio Nunes Ferreira considera superado o caso em que a Odebrecht relatou pagamento de propinas para atual auxiliar de Temer de R$ 500 mil a ele em troca de tráfico de influência. O pagamento foi registrado no setor de propinas da empreiteira no período em que Aloysio era chefe da Casa Civil de São Paulo.

De acordo com a revista Veja,  “segundo o relato de sete delatores, durante a administração de José Serra, quando era governador, a empreiteira enfrentou dificuldades para resolver entraves burocráticos no governo paulista quando foi procurada por Aloysio Nunes, que desejava obter recursos para financiar a sua campanha ao Senado, em 2010. Segundo os delatores, o atual ministro das Relações Exteriores recebeu 500.000 reais da empreiteira. Em troca, comprometeu-se a defender os interesses da Odebrecht junto ao governo naquele momento”.

Diante de tantas denúncias de corrupção, recebimento de propinas, nepotismo e atendimento a interesses pouco republicados, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a externar publicamente a sua indignação.  Em artigo publicado no jornal “O Globo” no domingo (5), ele afirmou que “ou o PSDB desembarca do governo na convenção de dezembro próximo e reafirma que continuará votando pelas reformas, ou sua confusão com o peemedebismo dominante o tornará coadjuvante na briga sucessória”.

Os ministros tucanos gostariam de ficar com Michel Temer e usufruir os benefícios do poder. Até o momento, eles estão sendo bem sucedidos no seu desejo de permanência, e minimizam ser integrantes do governo mais odiado e mal avaliado da história política brasileira.

Quem está de olho neste movimento se os tucanos deixam ou continuam no governo, que está em jogo o destino de quatro ministérios no governo, é o “centrão”. PP, PR, PTB e outros nanicos pedem as vagas do ministro tucano Antônio Imbassahy, que ocupa a Secretaria de Governo, e do tucano Bruno Araújo, do Ministério das Cidades, e usam o argumento de que ajudaram Temer a se livrar das denúncias na Câmara.

Já o grupo o qual Tasso pertence pensa de forma oposta. Os aliados do cearense pedem para que os tucanos entreguem seus quatro ministérios e desembarquem do governo, o mais impopular da história recente brasileira.

Os ministros tucanos gostaram de trabalhar com Temer e defendem o presidente principalmente por melhorar a vida dos empresários no seu eterno enfrentamento com os trabalhadores. E, acreditam que devem permanecer até a reforma da Previdência ser aprovada. O que causa arrepios no chamado setor “ético” do PSDB.

Esta semana, apesar do feriado, será importante no grave quadro de indefinições sobre o real destino do PSDB.

Fonte: srzd
Créditos: srzd