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Bolsonaro divulga relato deturpado de conversa de jornalista

Presidente diz que repórter quer derrubar governo; jornal O Estado de S. Paulo afirma que áudio divulgado tem frases truncadas e cortadas.

Ele afirma que a jornalista Constança Rezende disse “querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro”.

Na gravação, a repórter fala sobre o caso de Fabrício Queiroz, o ex-funcionário do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que recebia dinheiro de outros assessores do filho do presidente em sua conta corrente.

No trecho divulgado pelo presidente, a jornalista diz que o caso “pode comprometer, pode arruinar Bolsonaro”. A repórter ainda diz, durante a conversa, que se preocupa com a possibilidade de que as investigações não avancem porque este poderia ser “um caso de impeachment”.

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Em texto publicado sobre o episódio na noite deste domingo, o jornal O Estado de S. Paulo diz que a jornalista “não fala em ‘intenção’ de arruinar o governo ou o presidente”.

“A conversa, em inglês, tem frases truncadas e com pausas. Apenas trechos selecionados foram divulgados. Em determinado momento, a repórter avalia que ‘o caso pode comprometer’ e que ‘está arruinando Bolsonaro’, mas não relaciona seu trabalho a nenhuma intenção nesse sentido”, afirma a reportagem.

A interpretação deturpada da conversa da jornalista foi inicialmente publicada nas redes pelo site Terça Livre. A plataforma é alimentada por apoiadores de Bolsonaro.

Ainda segundo o jornal Estado de S. Paulo, as frases da gravação foram retiradas de uma conversa que a repórter teve em 23 de janeiro com uma pessoa que se apresentou como Alex MacAllister, “suposto estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre Donald Trump e Jair Bolsonaro”.

O caso de Fabrício Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio. O ex-assessor recebeu dinheiro de pelo menos nove pessoas que trabalhavam no gabinete de Flávio Bolsonaro e movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta corrente, valor incompatível com sua renda.

Flávio atribuiu a Queiroz a contratação, em seu gabinete na Assembleia do Rio, de parentes de policiais ligados ao Escritório do Crime, grupo de milicianos que, entre outros crimes, é suspeito de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Queiroz, em depoimento ao Ministério Público por escrito, disse que recebia dinheiro de colegas para ampliar o trabalho parlamentar do filho de Bolsonaro.

Fonte: Folha de S. Paulo
Créditos: Folha de S. Paulo