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Filhos querem libertar pai preso por estupro

Segundo a advogada Dora Cavalcanti Cordani, os filhos foram torturados por uma amiga da mãe, que é separada de Atercino

Os dois filhos do vendedor Atercino Ferreira de Lima Filho, de 51 anos, lutam na Justiça para tentar libertar o pai, preso e condenado por abuso sexual dos próprios filhos.

Segundo a advogada Dora Cavalcanti Cordani, os filhos foram torturados por uma amiga da mãe, que é separada de Atercino, para que afirmassem à polícia que ele tinha os molestado sexualmente quando criança.
O Ministério Público denunciou Atercino pelo crime em 2004 e, desde então, ele foi condenado a 27 anos de prisão. Os dois filhos do vendedor começaram a relatar que tinham mentido sobre o crime em 2012. Naquele ano, o filho mais velho, Andrey Camilo Lima, de 23 anos, começou a buscar mudar a versão dada em depoimento no Tribunal de Justiça.

Sem conseguir, ele registrou em cartório a versão que nunca havia sofrido abuso do pai. A irmã, Alina, hoje com 18 anos, fez a mesma coisa em 2015.
O vendedor permanecia em liberdade até abril desde ano. Os dois filhos moravam com ele e a madrasta em Santo André, no ABC paulista, segundo a advogada.

O caso transitou em julgado, não cabendo mais recursos, e Atercino foi preso. Ele permanece detido em Guarulhos, na Grande São Paulo.
A família entrou com uma ação revisional criminal – quando se pretende reverter uma decisão judicial, que já transitou em julgado, mostrando provar que houve erro judicial.

“É um caso complicado porque os próprios filhos sofreram muito. Quando crianças, após a separação dos pais, eles eram torturados pela mulher que morava com a mãe. A menina conta que era obrigada a vomitar e comer o próprio vômito. Foi esta mulher que os levou à delegacia, afirmando que tinham sido abusados pelo pai. Eles dizem que foram torturados para mentir”, afirma a advogada .

Dora é diretora do projeto Innocence Project (Projeto Inocência) no Brasil, que ficou conhecido nos Estados Unidos por lutar pela revisão de casos emblemáticos de pessoas condenadas por crimes que, depois, ficou provado que não haviam sido cometidos.

“Entrevistamos os filhos e acreditamos neles. Eles querem a liberdade do pai e nem podem visitá-lo por causa do processo. Só puderam vê-lo em agosto, em uma audiência, quando o abraçaram. Foi bastante emocionante”, contou.

Fonte: G1
Créditos: G1