Terceirização: um passo para frente ou dois para trás? - Por Sophia Cardoso

Após o término da Guerra Fria e a dissolução da URSS, o processo de globalização intensificou-se e o sistema capitalista foi ratificado, moldando a economia mundial conforme suas idiossincrasias. No contexto brasileiro, entretanto, vê-se, com a lei da terceirização em vigor, que as leis de mercado e o lucro das grandes empresas são favorecidas em detrimento das leis da ética e da integridade dos trabalhadores.

Assim, sabe-se que a terceirização não é inédita no país — cerca de um quarto da mão de obra nacional utiliza-a. Contudo, conforme dados da CUT nacional, já é notória uma significante redução da remuneração média e dos direitos dos empregados. Logo, por terem em mãos o acesso irrestrito a esse recurso, as empresas empregarão em massa funcionários a um custo barateado e sem uma preocupação cautelosa, como ocorre nos contratos diretos, das leis trabalhistas. As grandes corporações não terão medo de aproveitarem-se da situação para extorquir dinheiro — mazela que nossa parca fiscalização não controlará.

Além da corrupção e comprometimento da integridade laboral, a aprovação da lei poderá causar uma drástica redução na especialização da mão de obra juvenil no Brasil. Ela acabaria por recorrer aos setores que demandam uma diminuta qualificação e experiência pela contratação massificada — o que desencadearia numa deficiência nos setores de serviços especializados. Ademais, o país não conta com uma legislação eficaz em regular e definir a lei em questão, e até que as mudanças necessárias sejam efetivadas, o mercado de trabalho e a economia já estarão instáveis.

É imprescindível, pois, que o Governo Federal destine uma maior parcela de verbas à ampliação da oferta do ensino profissionalizante, a fim de garantir empregos mais seguros à massa populacional jovem e estabilizar o mercado de trabalho nacional. É essencial, também, que o Ministério das Comunicações promova campanhas acerca da referida lei, visando a conscientização populacional acerca dela.

Faz-se mister, outrossim, que as instâncias  fiscalizadoras tornem mais rígidas suas averiguações nos processos de terceirização vigentes, garantindo a integridade dos funcionárioS e erradicando a corrupção exacerbada nesse meio.

É notória a necessidade de outras medidas para garantir a plena competência do sistema laboral brasileiro, porém, conforme o famigerado autor Oscar Wilde, “o primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem e de uma nação”.

Por Sophia Cardoso – Estudante secundarista do Colégio Motiva

Fonte: polemica
Créditos: Por Sophia Cardoso