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Protesto e mobilização na web pedem punição para segurança após morte de jovem

Pedro Henrique Gonzaga levou 'mata-leão' do agente em filial do Extra na Barra da Tijuca

 A morte de Pedro Henrique Gonzaga por um segurança em uma filial da rede Extra na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, tem gerado revolta e mobilização nas redes sociais. Um protesto foi marcado para este domingo em frente ao hipermercado e as hashtags #ACarneMaisBarataDoMercado e #VidasNegrasImportam estão entre os assuntos mais comentados do Twitter nesta sexta-feira. Os internautas indicam que o golpe ‘mata-leão’ sofrido pelo jovem de 19 anos tem cunho racista.

“Pedro Gonzaga foi assassinado por um segurança do supermercado Extra, na Barra da Tijuca. Essas cenas constantes desse país colonial precisam acabar. Domingo, acontecerá o ato em repúdio, em frente ao supermercado”, escreveu Djamila Ribeiro, autora do livro “Quem tem medo do feminismo negro?” (Companhia das Letras, 2018).

O ato é um evento orgânico chamado por vários artistas e redes do movimento negro. Moradora de São Paulo, Stephanie destaca a importância do protesto na filial da Avenida das Américas, a partir das 13h, onde aconteceu o crime. Belo Horizonte, em Minas Gerais, e capital paulista também terão manifestações.

“A gente quer que essas empresas se responsabilizem pelos seus funcionários e pelas práticas racistas adotadas. Mais do que ele ser demitido, a gente quer essas pessoas, seguranças, policiais… Tenham um treinamento levando em conta questões raciais”, explica a ativista.

De acordo com Stephanie, a ação foi marcada por excessos. “Tinha uma rede junto com esse segurança, era muito fácil imobilizar e não matar. As pessoas no vídeo, já estavam alertando que ele (Pedro) estava sendo sufocado. Tem um problema muito sério aí. Até como a polícia, que está apurando esse caso, como se ele (segurança) não tivesse intenção de matar”, afirma.

O segurança Davi Ricardo Moreira foi indiciado por homicídio culposo — quando não há intenção o de matar— com agravante de inobservância de regra de profissão. Ele chegou a ser preso, mas pagou uma fiança de R$ 10 mil e foi liberado.

As imagens registradas em vídeos enviados ao WhatsApp do DIA (98762-8248) mostram que pessoas no entorno alertavam para a gravidade do caso. “Está desmaiado, não está não?”, indagou alguém. “Está sufocando ele”, disse uma mulher. “Ele está com a mão roxa”, constatou outra pessoa. O segurança, no entanto, não soltou o pescoço do jovem e disparou: “Cala a boca”.

Nesta manhã, o Extra voltou a se posicionar nesta sobre o episódio, lamentando o episódio e reafirmando que os envolvidos foram “definitivamente afastados” e que “não aceita qualquer ato de violência”. Agora, o hipermercado classificou o caso como “um grave”.

“Esse tipo de coisa não se resolve com uma nota. Outras pessoas que estavam ali se sentiram amedrontadas. Que tipo de treinamento esses funcionários recebem? Quais pessoas estão sendo contratadas?”, indaga Stephanie. “Racismo estrutural cria um mecanismo de que todos negros são suspeitos. Nós somos perseguidos em loja, quando estamos ali pra comprar”, completa.

De acordo com a família de Pedro, o jovem estaria sob efeito de drogas ao ser imobilizado. Os parentes relataram à polícia que a vítima seria internada em uma clínica em Petrópolis, na Região Serrana. Ele será sepultado amanhã no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste.

Fonte: O Dia
Créditos: O Dia