Pela sexta vez consecutiva, brasileiras e brasileiros vão às urnas para escolher entre PT e PSDB

Como a polarização se repete, pode-se concluir que os dois partidos nascidos em São Paulo representam os anseios do eleitorado. Mas isso seria um erro. As duas legendas que disputam a Presidência ficam longe do PMDB em número de governadores e prefeitos,que são mais de 1.000. Também têm bancada menor no Senado (na Câmara, são 70 deputados do PT contra 66 do PMDB). Na última década, graças aos programas sociais, o PT avançou no Norte/Nordeste, mas ainda não se compara ao peso do PMDB no que os sociólogos chamam de Brasil profundo. Já o PSDB continua circunscrito à longa hegemonia em São Paulo, estado que governa há 20 anos.

pt x psdb

Todos no mesmo barco – Por Octávio Costa – Como a polarização se repete, pode-se concluir que os dois partidos nascidos em São Paulo representam os anseios do eleitorado. Mas isso seria um erro. As duas legendas que disputam a Presidência ficam longe do PMDB em número de governadores e prefeitos,que são mais de 1.000. Também têm bancada menor no Senado (na Câmara, são 70 deputados do PT contra 66 do PMDB). Na última década, graças aos programas sociais, o PT avançou no Norte/Nordeste, mas ainda não se compara ao peso do PMDB no que os sociólogos chamam de Brasil profundo. Já o PSDB continua circunscrito à longa hegemonia em São Paulo, estado que governa há 20 anos.

Este ano, com a súbita ascensão de Marina Silva, a tradicional polarização, iniciada em 1994, quase não vingou. Mas Marina ficou no meio do caminho e a urna eletrônica do segundo turno traz a presidente Dilma Rousseff (PT) contra o senador Aécio Neves (PSDB). Pelas últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha, Dilma retomou o favoritismo e deve ser reeleita. Garantiu o ex-presidente Lula, em comício São Paulo, que esta era “a última vez” em que pedia votos para um candidato de seu partido ao Planalto. Há quem duvide. Muita gente, na verdade, aposta que Lula, aos 72 anos, tentará um terceiro mandato em 2018, sob pressão dos correligionários.

Com Lula ou sem Lula, é certo que o PT, como deixou claro agora, voltará a fazer de tudo para se manter no poder. Provavelmente terá como principal o PSDB – graças ao pé fincado em São Paulo, principal polo industrial e maior colégio eleitoral. É de se esperar, para o bem da vida política, que não se reviva a baixaria que marcou a atual campanha. Foi ridícula a troca de acusações entre os petistas e tucanos. O PT aderiu ao discurso apocalíptico do rei Luís XV: “Aprés moi, le dèluge”. Ou seja, sem o PT no comando, o Brasil se transformaria em terra arrasada. Já os tucanos, em retórica tão radical quanto, chegaram a dizer que tirar o PT da Presidência seria o mesmo que “derrubar a ditadura”. Enquanto Dilma é a tábua de salvação para os pobres, Aécio representaria um movimento de “libertação nacional”.

Não surpreende que marinheiros de primeira viagem se digladiem em torno dessas maluquices. Mas quem vem de longe e conhece bem a história política sabe que, ao tempo da criação do PT, na virada da década de 70, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e José Serra estavam no mesmo barco da oposição. Quando o metalúrgico Lula despontou no movimento sindical, Serra, ex-presidente da UNE, ainda vivia no exílio com a família. No Chile, quando os militares derrubaram Allende, ele ajudou vários amigos a se refugiarem na embaixada da Itália, entre eles, Marco Aurélio Garcia, hoje assessor internacional da presidente Dilma. Se Dilma participou da luta armada ao lado de Carlos Lamarca, o vice de Aécio, Aloysio Nunes, foi fiel escudeiro de Carlos Marighella, o ideólogo da guerrilha urbana.

Diante dos fatos, os insultos entre petistas e tucanos foram lastimáveis. Reponha-se a verdade histórica. PT e PSDB são partidos com origem nas lutas da esquerda brasileira. E pensam no melhor para o Brasil. O resto se deve ao calor da hora e à criatividade dos marqueteiros. Cabeça fria e bom voto neste domingo!