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O que o veto a renovação da Lei do Audiovisual tem a ver com o protesto contra o QueerMuseu? - Por Ívyna Souto

Mentiras passadas a população para colocar a opinião pública contra a classe artística

As últimas semanas foram bastante tensas para a classe artística brasileira e o cenário não parece melhor.  Desde a revolta seletiva do Movimento Brasil Livre (MBL) com a exposição ‘Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira’, promovida pelo Santander Cultural, que foi cancelada, em Porto Alegre (RS) após informações mentirosas tomarem conta das mídias sociais.

Distorcer informações e ocupar as mídias sociais com suas versões dos fatos têm se tornado especialidade do grupo de jovens que se promove politicamente as custas da opinião pública que, muitas vezes, absorve conteúdo sem verificar a veracidade das informações.

Depois disso, a exposição, que expunha obras de arte de artistas conhecidos (como Di Cavalcanti, Lygia Clark e Alfredo Volpi) e contemporâneos estrearia no Rio de Janeiro, mas foi impedida graças a uma medida do prefeito da cidade, o bispo Marcelo Crivella, da Igreja Universal do Reino de Deus, sob a alegação de a exposição promove “pedofilia e zoofilia”.

O mesmo argumento foi usado pelos cidadãos revoltados com a exposição de um homem nu, no Museu de Arte Moderna, de São Paulo, gerando grande comoção nacional. Mais uma vez, muitas pessoas criticaram a exposição apenas por ouvir falar sobre a situação ou por ter visto um pequeno vídeo em que uma mulher levou sua filha para a mostra, que não era direcionada a crianças ou adolescentes.

Tudo isso foi para contextualizar a novidade do governo federal, que não pretende editar uma nova lei do audiovisual e, pior, o presidente Michel Temer vetou a renovação da lei, que valeria até 2019. Para o presidente, são necessários “estudos de impacto” para poder aprovar nova lei, que não tem prazo para ser editada, tampouco para entrar em vigor.

A norma atual entrou em vigor em 1993 e é válida até o fim deste ano. E diferente do que muitos acreditam e dizem de forma equivocada, as leis de incentivo fiscal não são baseadas em distribuição de dinheiro, mas em autorização para que o artista busque patrocínio de empresas ou pessoas que terão, consequentemente, abatimento no pagamento de impostos.

Com a opinião pública contra os artistas, não haverá revolta dos cidadãos contra a medida presidencial. Talvez toda a revolta do MBL, em parceria com o governo Temer, contra o QueerMuseu tenha sido pensada para chegar a este ponto, a falta de incentivo para os artistas e grande parte da população contra toda a classe.

Com o fim da validade da lei, muitos projetos podem deixar de ser feitos e os artistas já estão fazendo campanha sobre a importância da lei para o desenvolvimento da produção brasileira.

Assista ao vídeo:

https://www.facebook.com/jornaldiariodepernambuco/videos/1657298184293577/
Créditos: Polêmica Paraíba