'O Malvado Favorito' da política e moídos partidários de 2015 - Por Laerte Cerqueira

Cunha impôs um ritmo dinâmico na Câmara e derrotou o governo muitas vezes

MANUEL E CUNHAAinda revirando, mas prestes a fechar o baú de 2015, vale ressaltar que nessas páginas ano passado registramos que o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), era chamado por alguns colegas de “o malvado favorito”. Ele impôs um ritmo de trabalho frenético na Câmara. De maneira ousada e estratégica. Um ritmo que impôs sucessivas derrotas ao governo, aprovações de projetos para beneficiar colegas e que permitia a adoção de mecanismos para cobrar fidelidade de quem é ajudado.

O resultado dessa história, nós conhecemos. Cunha desenterrou pautas conservadoras, fez muitos aliados, mas agora é uma espécie de estorvo, persona non grata. O estopim foi a descoberta das contas na Suíça. Antes, não dá para esquecer que ele rodou o país, tentando conseguir votos para suas ideias. Aqui em João Pessoa, foi praticamente escorraçado de uma sessão na AL. Na época, o então ministro da Educação, Cid Gomes, subiu na tribuna da Câmara Federal para “cair disparando”. Chamou Cunha de achacador e estendeu o apelido a outros 300 parlamentares. Acabou acertando o governo, que já estava cambaleante. Colocou mais fogo na relação entre os Poderes.

No fim de fevereiro, um paraibano entrou no olho do furacão. O deputado federal Hugo Motta (PMDB) virou presidente da nova CPI da Petrobras, na Câmara Federal. Passou a ser um baú a ser vasculhado. O deputado paraibano não foi questionado pela inexperiência ou incapacidade de assumir uma Comissão tão importante. Em xeque estava a sua independência como presidente da CPI. Motta foi acusado de ter recebido indiretamente dinheiro das empresas investigadas na Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na estatal. A revelação foi feita pelo jornal O Estado de S. Paulo. Em entrevista à Rádio CBN João Pessoa, o parlamentar paraibano se defendeu. Segundo ele, o dinheiro foi repassado pelo partido, assim como foi feito com vários outros parlamentares do PMDB.

Apostando em algo nada fácil, foi o ano em que o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB) adotou a luta de professores de todo o país que, apesar de valorizados com belas palavras, são massacrados pela carga excessiva de trabalho e salários baixos. O tucano é autor da ‘PEC da Nova Educação’, que institui o Magistério Público Nacional e estabelece mudanças, entre elas salariais. De acordo com a PEC da Nova Educação, o subsídio máximo do Magistério Público Nacional será considerado o limite superior dos agentes administrativos públicos e os valores dos subsídios dos professores atingirão o valor máximo em até 15 anos da publicação desta Emenda. Uma mudança gradual e contínua; de salário, de cultura, de sociedade.

Na seara das brigas, a dos peemedebistas Gervásio Maia e Manoel Júnior chamou muito a atenção. Gervasinho chegou a dizer que iria sair do PMDB, se o partido quebrasse o acordo feito para que ele assumisse o comando da legenda em JP, substituindo Manoel. Quem decidiu foi o senador Maranhão, que manteve “Mané” e escanteu Gervasinho. Maia não saiu do partido e se entregou de vez ao campo girassol.

Para finalizar esse passeio pelos fatos, vale lembrar ainda que o deputado federal Wilson Filho (PTB), fez como o vereador de JP, Raoni Mendes, e resolveu focar na gestão Cartaxo. Tentou assumir protagonismo de oposição que, à época, estava nas mãos do também deputado federal Efraim Filho (DEM), outro político da nova geração. No meio do ano, Wilson já não escondia a meta de ser candidato a prefeito de JP.

Mas o movimento perdeu força depois da jogada política que mais mexeu no cenário político: a saída do prefeito de JP, Luciano Cartaxo, do PT para PSD. Um deslocamento que levou o PSB a assumir seu desejo: romper com Cartaxo para partir para uma candidatura própria em 2016. Enfim, chegamos. Agora, comecemos a construir as novas histórias.

Mais severa

O ano começa com uma medida importante. A presidente Dilma sancionou lei que altera a pena do estelionato, se cometido contra pessoas de 60 anos. Nesses casos, a partir de agora, a pena deve ser aplicada em dobro. Ou seja, estelionatos praticados contra idosos podem ter uma pena de até 10 anos de prisão. O crime ocorre quando alguém obtém vantagem ilícita, com prejuízo de outra pessoa, ao induzir alguém a erro por meio de fraude ou outros artifícios.

Pesquisas
A partir de agora, entidades e empresas que quiserem realizar pesquisas eleitorais são obrigadas a fazer o registro em juízo. A regra começou a valer dia primeiro de janeiro.

Multa
O registro deve ser feito com antecedência mínima de cinco dias antes da divulgação. Quem divulgar sem registro, paga multa que varia R$ 53 mil a 106 mil.

Moradores
Talvez seja só impressão, mas aumentou o número de moradores de rua na capital. Alguns montaram pequenos casebres na praia e em praças, ao lado de árvores.

Perspectiva
Na área da Caixa Econômica, no Centro, a imagem à noite é desesperadora. São dezenas deles. Alguns grupos tentam dar assistência. Mas a vida precária parece sem perspectiva.

Tinham
Os 494 reeducandos que cumpriram pena em regime aberto e semiaberto em JP tinham até ontem, às 20h, para voltar do indulto natalino, no qual passaram o natal e o ano novo na companhia dos familiares.

Jornal da Paraíba