João Pessoa é a 4ª capital com maior índice de homicídios de adolescentes

O IHA estima o risco de adolescentes de 12 anos a 19 anos serem assassinados antes de completarem seu 19º aniversário nos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. Entre as capitais, o ranking é liderado por Fortaleza, com 9,92, seguida por Maceió (9,37), Salvador (8,32) e João Pessoa (6,49).

coletiva

O IHA estima o risco de adolescentes de 12 anos a 19 anos serem assassinados antes de completarem seu 19º aniversário nos municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. Entre as capitais, o ranking é liderado por Fortaleza, com 9,92, seguida por Maceió (9,37), Salvador (8,32) e João Pessoa (6,49).

Alagoas é o estado brasileiro com maior índice de assassinato de adolescentes, segundo a 5ª edição do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), divulgado em coletiva de imprensa no Rio nesta quarta-feira (28). De acordo com o levantamento, o IHA do Alagoas é de 8,82 assassinatos para cada mil adolescentes, seguido por Bahia (8,59) e Ceará (7,74). Os números são relativos a 2012.

Entre as regiões, a Região Nordeste lidera o ranking com 5,95 e um número esperado de assassinatos de adolescentes entre 2013 e 2019 de 16.180. Em seguida, vêm a Região Centro-Oeste, com IHA de 3,74 e 3.373 homicídios esperados; Região Norte, com 3,52 e 3.908 e a Região Sudeste, que embora tenha um índice de 2,25, espera 14.323 assassinatos de adolescentes.

Em suas conclusões, o estudo aponta um crescimento no número de homicídios de adolescentes de 12 a 18 anos de idade no Brasil e apresenta um ranking das cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes onde este índice se encontra mais elevado.

O levantamento foi preparado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Observatório de Favelas e Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ).

No Brasil estima-se que 42 mil adolescentes morrerão assassinados nos municípios com mais de 100 mil habitantes. “O IHA de 2005 fez uma estimativa muito aproximada para 2012. A estimativa era de 35 mil homicídios e o número chegou a cerca de 33 mil. Este tipo de estimativa a gente faz torcendo para errar. A notícia ruim foi que 2012 foi o pior ano dos últimos tempos. Fazendo a comparação por sexo, é 12 vezes mais provável que um menino seja assassinado que uma menina. É três vezes mais provável um negro ser assassinado que um menino branco”, ressaltou o professor da UERJ, Ignacio Cano.

Grupo de trabalho
A ministra Ideli Salvatti anunciou a criação de um grupo de trabalho interministerial que será responsável por elaborar o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Letal de Crianças e Adolescentes. O objetivo, segundo a ministra, é definir estratégias e políticas públicas para reduzir a incidência de homicídios entre a população jovem do Brasil.

“Se nada for feito, nós teremos as 42 mil mortes. A proposta do pacto é uma urgência. É uma ação do governo federal na construção de um plano nacional para prevenir as mortes de adolescentes e acabar com esse ciclo de violência”, afirmou a ministra, destacando que é fundamental a integração dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo para a realização desse plano.

Resultados favoráveis no Sudeste
A redução dos assassinatos na região Sudeste se deu principalmente pela queda da violência nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que ficaram com o vigésimo quinto lugar e décimo sétimo lugar, respectivamente, no Índice de Homicídios de Adolescentes. “Não surpreende tanto porque é uma tendência que vem acontecendo desde o começo dos anos 2000, sobretudo o estado de São Paulo que teve uma queda significativa e com peso maior. Mas nós temos o Espírito Santo numa situação crítica, mas com São Paulo e Rio diminuindo, o Sudeste apresenta resultados favoráveis”, destacou Cano.

Na capital fluminense, por exemplo, o IHA vem apresentando quedas sucessivas desde 2005, quando o número de mortes na cidade do Rio era de 5,52 adolescentes assassinados a cada mil. Em 2006 o número caiu para 5,44, em 2007 para 4,58, em 2008 para 3,77, 3,05 no ano de 2009, 3,02 em 2010, 2,40 em 2011, atingindo 2,06 em 2012.

Já em São Paulo, dos 71 municípios com mais de 100 mil habitantes, 10 tiveram índice de 0,00 mortes por cada mil adolescentes e apenas Taboão da Serra teve índice superior a 3,0 assassinatos por cada mil adolescentes, ficando com 3,30.