Governismo envengonhado

Paulo Santos

Tudo indica que o Palácio da Redenção não está preocupado com a formação de uma bancada sólida, consistente, que a qualquer momento possa defendê-lo de um ataque da oposição. Essa é a impressão que têm alguns observadores diante do que acontece em relação ao deputado Carlos Dunga (PTB).

Mesmo antes de tomar posse o agora parlamentar anunciava aos quatro cantos da Paraíba que iria manter entendimentos com o governador Ricardo Coutinho (PSB) para saber se ele o queria na bancada de sustentação, mas para isso precisava discutir questões que envolvem suas áreas de atuação.

Há insinuações de que o esquema governista estaria envergonhado por ter deixado Dunga a ver navios no Cariri e torcido para que Genival Matias lograsse êxito na luta para ficar ocupando a cadeira que a Justiça Eleitoral, por erros na contagem dos votos em 2010, deu a Dunga na semana passada.

O episódio pode ser isolado, mas o comportamento é estranho, um tanto amadorístico, sem qualquer conexão com o que rezam manuais de atitudes políticas. A inferioridade numérica no plenário da Assembleia Legislativa não permite que o Governo se dê ao luxo de sepultar as esperanças que tinha em Genival e sair em busca de Dunga.

O parlamentar do PTB, que fez sua estreia na tribuna nesta terça-feira (19), entrou em campo de forma arrasadora. Atropelou o relógio no pequeno expediente, voltou a discursar no grande expediente e aí deu seus recados, afagando o ego de professores e alunos da UEPB e não deixando por menos com a oposição.

O líder do Governo, Hervázio Bezerra, ainda tentou corrigir Dunga dizendo que ele não precisava de intermediário para falar com o Governador. O tucano sabe que ninguém vai ao Palácio da Redenção ou à Granja Santana sem ter intimidade com o eventual ocupante da administração estadual. A situação de Dunga talvez explique porque, ao longo dos últimos tempos, tantos deputados debandaram da base do Governo ou fazem “corpo mole”.

ENERGISA

A empresa distribuidora de energia elétrica na Paraíba, subordinada aos interesses de Minas Gerais, resolveu adotar o mesmo procedimento dos governos: enfiar goela abaixo dos consumidores um grande blá blá blá pela televisão tentando tirar o foco das denúncias de inventar “gatos” para extorquir clientes paraibanos. Como os órgãos de defesa do consumidor –Procons, Ministério Público, etc. – não mexeram um dedo para averiguar as denúncias e o funcionários que as formulou removido de João Pessoa para o município de Marcação, a Energisa aplica um “cala boca” via comercial nas empresas de comunicação. E o cidadão que se dane.

LEI SECA

Os prefeitos paraibanos fingem que não têm nada a ver com a mortalidade no trânsito e, por isso mesmo, não tratam de formar equipes que apliquem a Lei Seca no interior do Estado. Dá a impressão superficial de que apenas motoristas de João Pessoa e Campina Grande saem bêbados, nas madrugadas, fazendo besteiras. Quem passa por algumas cidades, no horário noturno, pode descrever coisas horrorosas.

RESSUREIÇÃO

O presidente do PSL-PB, deputado Tião Gomes, pode estar tentando repetir o fenômeno da ressureição. Pelo menos no aspecto político. Está à caça de antigas e novas lideranças, incluindo herdeiros de ex-detentores de mandatos, para amealhar boa quantidade de votos em 2014. Deve abrigar um filho do deputado aposentado Pedro Medeiros, uma filha do também deputado aposentado Valdecir Amorim em Teixeira, a ex-deputada Flora Diniz em Princesa Isabel e os ex-deputados Biu Fernandes e Robson Dutra, entre outros.

PESQUISAS

O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, poderia marcar sua administração em apoio aos consumidores se, amparado por lei, contratasse estudantes de estatística das nossas universidades para realizar constantes pesquisas nas várias atividades que necessitem desses levantamentos. O Procon realiza pesquisas esporádicas sobre combustíveis e itens que envolvam datas significativas (Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia da Criança, etc). Poderia auferir, por exemplo, a qualidade no atendimento nas lojas, a qualidade dos transportes públicos (ônibus, taxis, etc) e assim por diante. Orientaria a população e estimularia a concorrência em diversos setores.