Rubens Nóbrega

Quem diria, mas Ricardo Coutinho ameaça virar o governador mais fraco de candidato a prefeito na história republicana da Paraíba!

Foi o radialista Emerson Machado quem me chamou a atenção, ontem, para esse aspecto que poucos estariam levando em consideração nas análises ou expectativas sobre o novo mapa político do Estado a ser desenhado pelas urnas de outubro deste ano.

Cientista político orgânico, Machado mostrou que tirando Estelizabel Bezerra, prefeitável do PSB na Capital, no resto do Estado o governador Ricardo não tem mais qualquer outro candidato pra chamar de seu.

Pensando bem, faz muito sentido. Principalmente nos municípios maiores, onde os candidatos mais fortes ou têm luz própria ou seguem a liderança de outros expoentes políticos, a exemplo de Cássio Cunha Lima e José Maranhão.

A situação mais vexatória e emblemática é sem dúvida em Campina Grande, onde pela primeira vez em 148 anos, ou seja, desde a emancipação municipal, um governador do Estado corre o risco de ter influência zero numa eleição majoritária local.

Sequer um nome para vice o monarca teve como emplacar. Não conseguiu vingar Fábio Maia, relevante quadro do PSB campinense, colocado à disposição da chapa do PSDB, mas, pelo visto, rejeitado dentro e fora das duas legendas.

Rejeitado, segundo os bastidores, tanto por cassistas ortodoxos como por aqueles infiltrados no partido imperial. E Cássio, que só é menino nas homenagens que lhe rendem os seguidores mais fanáticos, aproveitou o aparente impasse para botar um tertius irrecusável, que vem a ser o irmão mais velho.

E assim, sem contestação nem questionamentos e super ovacionado, Ronaldo Filho estreou finalmente na política como companheiro de chapa de Romero Rodrigues. E já entra com status de fenômeno, feito o velho Ronaldo, não o pai, mas o ex-jogador.

Tanto que a entrada em campo de Ronaldinho em Campina foi uma apoteose. De tão festejada e pelo tamanho do entusiasmo na torcida Cunha Lima, perguntei ao jornalista Laércio Cirne, via Twitter, se haveria inversão na cabeça da chapa.

Claro que não. Perguntei só pra inticar e Cirne, escolado e descolado, deu nem pra cheirar. Romero é mesmo o candidato a prefeito de Cássio e do PSDB, nessa ordem. Por todos os títulos, com todo o mérito e desde domingo, favoritíssimo.

 

Vaia em Guarabira
Na convenção tucana que homologou Zenóbio Toscano para voltar à Prefeitura de Guarabira, anteontem, o vice-governador Rômulo Gouveia foi chamado ao microfone e abriu assim o seu discurso aos convencionais:
– Trago aqui pra vocês o abraço do nosso governador Ricardo Coutinho…
A galera reagiu com um vibrante uuuuuuuuuuuuuuuuuuu. Para não perder o prumo, Rômulo sacou rápido e disparou, acertando no alvo com a bala mais certeira:
– Trago também pra vocês o abraço pra quem é de abraço e o beijo pra quem é de beijo de Cássio Cunha Lima!
A menção ao senador rendeu quase três minutos de vivas, aplausos e fiufius.

 

Incompetência na saúde humana
O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) anunciou ontem a interdição ética do Hospital Regional de Patos, por incompetência do Governo do Estado de prover condições mínimas ao exercício profissional dos médicos que lá trabalham.

“A par de sua deficiente estrutura física e de sua superlotação, a escala de plantões apresenta grandes lacunas, especialmente nos finais de semana, o que compromete seriamente o atendimento à população daquela região”, disse ontem o Doutor João Medeiros, presidente do CRM-PB, em nota divulgada pelo órgão.

O CRM acrescenta que a escassez de médicos lá decorre da dispensa de médicos que se candidataram a cargos eletivos e da recusa dos que sobraram em dar plantões extras por remuneração inferior àquela paga em hospitais do mesmo porte em João Pessoa e Campina Grande.

De tudo isso a Secretaria de Saúde do Estado foi avisada há mais de dez dias e notificada formalmente desde o último dia 28, mas até ontem não havia tomado qualquer providência para tentar solucionar os problemas detectados pelo Conselho.

Abra-se, então, a contagem regressiva para mais uma milionária terceirização.
Incompetência na saúde animal
Respeitado técnico na área lembra que desde 31 de maio passado foi encerrada a campanha de vacinação contra a aftosa no Estado.

“Fui informado por fonte segura de que esta foi a pior campanha desde muito tempo e, com isto, mais uma vez não chegaremos nem perto de alcançar os índices de cobertura vacinal cobrados pelo Ministério da Agricultura”, salientou, arrematando:

– É a Paraíba crescendo para baixo, feito rabo de cavalo.

Por essas e outras, e na falta do recall, a gente deveria ter algum instrumento legal que permitisse a interdição ética de governos incompetentes.