Especialista destaca luta das mulheres na política e afirma que impeachment de Dilma tem toques de machismo

O programa Master news, da TV Master, recebeu um grupo de mulheres para discutir o papel das mulheres na sociedade e como elas tem se comportado no mundo da política paraibana e brasileira. Em discussão na noite desta quarta-feira, 20, a professora universitária Glória Rabay, a vereadora Sandra Marrocos e a advogada Nadja Palitot.

Sandra Marrocos falou sobre o processo histórico que faz com que as mulheres não tenham igualdade em espaços, em relação aos espaços dedicados aos homens, ela falou sobre as mulheres que eram mortas por reivindicarem espaços e séculos depois começaram a conquistar pequenos lugares, “mas ainda hoje, temos uma desigualdade que está sendo reduzida a cada ano, na verdade, as mulheres ficam inibidas porque tem um processo de humilhação e cultura machista que reforça a ideia de que mulheres são inferiores e elas têm que reconquistar os espaços”, pontuou.

Além do apanhado histórico, a representante da Comissão de Combate a Violência e Impunidade Contra a Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil, na Paraíba, disse que “pela primeira vez na história do Brasil, o cargo mais importante na política brasileira foi dado a uma mulher eleita democraticamente e todo o processo de impeachment fragiliza o papel de todas as mulheres no segmento, mas a ascenção dela a presidência fortaleceu o feminismo e o movimento, assim como o crescimento das mídias sociais, que deu mais voz às mulheres”.

Glória Rabay disse que “além de melhorias na educação, o Brasil precisa de reforma política urgente porque tem que se debater os poderes e a representatividade, sobre o momento político, posso dizer que a crise permite que as pessoas falem mais claramente o que pensam, mas o momento é de muita fragilidade para todas as pessoas, sobretudo para as mulheres”, destacou.

Nadja disse que o atual momento de crise não foi bom para as mulheres, “mas sabemos que todas as coisas são bem mais dificeis, até pelo fato da presidente ser mulher e muitos machistas destacarem que a crise no país se deve ao fato dela ser mulher”.

Glória disse que neste momento político, vários projetos “que dininuem as conquistas das mulheres têm avançado nas esferas legislativas como o Estatuto das Famílias e isso reflete na forma como o poder vê as mulheres, vale destacar que as mulheres eram vistas, há poucos séculos e décadas, como objeto apenas, sem direitos igualitários”, pontuou.

A professora seguiu dizendo que antes dos anos 1990, a participação da mulher na política paraibana é muito pequena e destacou que a Paraíba, “percentualmente, a Paraíba é um dos estados que mais elege mulheres, temos mais prefeitas que a maioria dos estados, perdemos apenas para Bahia e São Paulo, que têm mais municípios que nós”.

Na política local, Glória Rabay citou que atualmente os talentos têm sido reconhecidos, independente do gênero, mesmo os homens que se candidatam podem ter sido indicados por pais que são políticos e vão repassando a herança. “Homens e mulheres tem uma carga de herança política, são indicados, e isso não é da Paraíba ou do Brasil, veja os Estados Unidos, com a família Bush”, complementou.

Glória finalizou dizendo que as mulheres temem a opinião das pessoas e o comprometimento da honra, “ainda há um peso muito grande sobre a vida das mulheres e elas acabam se resguardando e se reprimindo muitas vezes porque vão dizer que ela bebe, que é casada, que trai o marido, que é gay ou qualquer outra coisa que possa ferir sua imagem”.
Créditos: Polêmica Paraíba