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Comissão de Ética abre processo para apurar conduta de Geddel

Conselheiro indicado por Temer retirou pedido de vista, após atitute ter sido mal vista pelo Planalto

geddelApós um telefonema do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, o conselheiro José Saraiva recuou e retirou o pedido de vista do processo sobre o ministro da Comissão de Ética da Presidência (CEP). Agora, o processo foi aberto por unanimidade, e o ministro terá dez dias para se pronunciar. Na manhã desta segunda-feira, José Saraiva, o único conselheiro indicado pela gestão Michel Temer, havia pedido vistas quando a maioria da comissão havia pedido a abertura do processo contra o auxiliar de Temer.

– O ministro telefonou à comissão e pediu para conversar conosco. Durante a reunião, mantive com ele uma conversa telefônica, e ele se mostrou disposto a prestar esclarecimentos que julga pertinentes. Eu expressei ao ministro que ele terá todas as condições de se manifestar – declarou o presidente da CEP, Mauro Menezes, que considerou “absolutamente normal” o pedido de Geddel, e não especificou se a conversa telefônica aconteceu antes ou após o recuo do conselheiro José Saraiva.

Saraiva, por sua vez, argumentou que “não gostaria de atrasar o andamento do processo”, segundo Menezes.

– A ligação foi em meio à discussão – limitou-se a dizer.

De acordo com o presidente da comissão, Geddel Vieira Lima mostrou “boa vontade” em responder aos questionamentos da CEP. Menezes declarou ainda que não viu interferência na comissão com a ligação de Geddel, que é investigado.

A partir desta terça-feira, Geddel terá dez dias para fazer sua defesa à comissão, período que pode ser prorrogado. Também nesta terça-feira será sorteado um relator para o caso. O colegiado, que é de caráter consultivo, pode dar uma advertência ou até recomendar a exoneração da autoridade, na punição mais severa. A próxima reunião acontecerá em 14 de dezembro, mas não há prazo para conclusão das apurações.

Geddel Vieira Lima foi acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressioná-lo a liberar uma licença para um empreendimento em Salvador no qual Geddel tem um apartamento. A suposta liberação seria por meio do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural), subordinado à Cultura. Calero saiu do governo na última sexta-feira citando divergências com Geddel como justificativa para a demissão.

Na tarde desta segunda-feira, quando o processo de Geddel na CEP estava adiado por causa do pedido de vistas, Michel Temer garantiu publicamente, por meio do porta-voz, a permanência do ministro no governo.

Outros ministros de Temer estão com processo no colegiado. Entre eles, Alexandre de Moraes (Justiça) e Ricardo Barros (Saúde). Mais de 20 ministros estão envolvidos no mesmo processo, que está em fase inicial e apura supostas irregularidades com voos da FAB. Márcio Freitas, secretário de imprensa que não tem status de ministro, é mais um que está sendo julgado pela CEP.

Fonte: O Globo