DESABAFO

Ator de 'Porta dos Fundos' fala sobre boicote a canal após críticas ao PMDB e PSDB

Em publicação em mídia social, Tabet fala sobre seu ponto de vista sobre a política nacional

Após polêmica e campanha por boicote ao canal de vídeos de humos ‘Porta dos Fundos’, um dos atores que compõe a equipe resolveu falar sobre o assunto. Antonio Tabet usou seu perfil pessoal no Facebook para fazer um desabafo.

No texto, Antonio diz que a equipe é formada por pessoas com opiniões diferentes e que o canal toma o cuidado de não tratar do assunto apenas por um lado; ele explica que concorda com a punição aos corruptos independente do partido que pertençam e pontuou que acha válida a operação Lava Jato e todos os resultados que tem mostrado ao Brasil.

Tabet diz ainda que acha inválido qualquer tipo de boicote, já que não trata-se de um movimento político. Ele destacou ainda que, mesmo durante a crise financeira que assola o Brasil, o canal emprega dezenas de pessoas e paga a elas salários justos.

Veja o vídeo que tem causado alvoroço:

Leia o texto na íntegra:

A Porta dos Fundos tem sido vítima, nas últimas horas, de uma campanha promovida por páginas ou sites de oposição ao governo (aqueles que os petistas gostam de chamar de “direita” e que várias vezes já até compartilhei por aqui) para que as pessoas nos boicotem por conta do vídeo de ontem, “Delação”, que satiriza, com humor, o que as pessoas que defendem Dilma e companhia chamam de “justiçamento seletivo”.

Pessoalmente, lamento tudo neste episódio. Absolutamente tudo.

Quem me conhece sabe qual é a minha posição em relação ao atual governo e corruptos em geral. Minha posição, aliás, é compartilhada pela maioria dos meus colegas. Acho que a Polícia Federal faz um trabalho bastante competente, sou ‪#‎TeamMoro‬ e, nem por isso, acho que Cunha, Temer, Feliciano e outros políticos são menos piores que os que hoje gostaria de ver derrubados. Sou dos que acha que “justiçamento seletivo” é querer poupar os bandidos de agora propondo uma fila para punir primeiro os bandidos desde a era Pedro Álvares Cabral.

Contudo, não abro mão da democracia e da liberdade. Acredito que todos têm o direito de se expressar. Inclusive aqueles que discordo e principalmente nos locais onde trabalho. Seja no Kibe Loco, seja no Flamengo, seja na Porta dos Fundos. Em todos esses lugares, como em todo o país, há opositores como eu, defensores como o Gregorio, isentões e loucos. Loucos que normalmente (ou não) acham que os loucos somos nós.

Cada um de nós no Porta tem uma posição política e cabe ao outro respeitá-la sem prejuízo da amizade que nos uniu. Isso é civilidade. E nós, como grupo, refletimos essa pluralidade no nosso trabalho quando existe mais de um lado da moeda, o que é saudável num país onde política é futebol, futebol é religião e religião é política. Evidente que jamais tacaríamos pedras em minorias oprimidas ou em injustiçados históricos. Sempre atiramos para cima. E em tempos quando cada um vê a parte de cima de um jeito, acabamos atirando em mais de uma direção.

O que mais me entristece nessa história é que vídeos como os dois “Reunião de Emergência” provam que não somos uma empresa com um pensamento singular. Diferente de quem acha coerente promover boicote cultural contra um grupo heterogêneo. Essa hipocrisia que busca nos desprestigiar, além de não ter sucesso no fim das contas, é tão idiota quanto o tal “Dia sem Globo”.

Quer evitar coxinhas? Não saia do seu quarto. Quer evitar petralhas? Idem. Há pessoas dos dois lados aqui na Porta, na Globo, na Band, na sua novela favorita, no supermercado que você faz compras, no salão de beleza, na igreja que frequenta, na mesa do bar, no time pelo qual você torce e, se duvidar, até no quarto do lado.

Esse revanchismo bobo só fomenta o ódio. Incentivar a censura ou a intolerância nada mais é que um recibo de que você pode ser tão fascista quanto os fascistas que critica. Sejam eles imperialistas americanos ou comunistas cubanos. Sem falar na ignorância de quem coloca a Lei Rounet no bolo sem saber que não cobramos cachê que cobraríamos em outros filmes, mas pagamos com justiça uma equipe com centenas de profissionais trabalhando no país da crise.

Enfim, era isso que queria mostrar: meu apreço pela liberdade, pela democracia, pelo trabalho, pela justiça, pelo amor e pelo humor.

Agora deixa eu ir que já são 12h30 e preciso finalizar meu roteiro zoando a deputada petista Maria do Rosário. Aquele que o Gregorio aprovou.

Antonio Tabet.
Créditos: Polêmica Paraíba