Advogado de Youssef diz que sua ida à CPI coloca em risco sua ‘integridade física e moral’

Doleiro Alberto Youssef presta depoimento à CPI da Petrobras

 

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A defesa do doleiro Alberto Youssef pediu ao juiz Sérgio Moro que revogue a autorização a ida do delator a Brasília para participar de uma acareação com Paulo Roberto Costa na CPI da Petrobras em 6 de agosto. O advogado Antônio Figueiredo Basto diz que o deslocamento do seu cliente compromete sua segurança e coloca em risco sua “integridade física e moral”. Ele sugere que o depoimento de Youssef à CPI seja feito em Curitiba, já que a ida para a capital federal seria onerosa e os deputados já tem viagem marcada ao Paraná.

O pedido foi feito um dia depois de a advogada Beatriz Catta Preta, que trabalhou para nove delatores da Operação Lava-Jato, ter dito que abandonaria a profissão por se sentir ameaçada por integrantes da CPI da Petrobras. Na petição protocolada nesta sexta-feira, Figueiredo Basto afirma que a comissão serve para constranger e intimidar pessoas: “há muito a CPI perdeu o foco de seu objeto originário, desvirtuando-se de sua finalidade precípua, para se tornar um escoadouro de interesses subalternos, a fim de constranger e intimidar pessoas”.

O advogado de Youssef cita quatro motivos para justificar sua avaliação sobre a CPI: a quebra de sigilo dos familiares do doleiro; a convocação de Catta Preta para falar sobre a relação com seu cliente; a aprovação de centenas de requerimentos sem fundamentação. e o pedido de acareação entre a presidente da República e Youssef, cuja improcedência, nas palavras de Figueiredo Basto “salta aos olhos”.

Em depoimento há 15 dias, o doleiro afirmou à Justiça Federal que estava sendo intimidado por um “pau mandado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha”. Ele fazia referência ao deputado federal Celso Pansera (PMDB-RJ) que fez dois requerimentos de quebra de sigilos bancário e fisca da ex-mulher e das duas filhas de Youssef. Os pedidos foram derrubados duas vezes no Supremo Tribunal Federal (STF).

Figueiredo Basto voltou a usar o termo “lógica da gangue” que havia escrito nas alegações finais de defesa do consultor Júlio Camargo, da Toyo Setal: “a lógica da gangue continua vigorando: intimidação e corrupção. Portanto, é preciso tomar todas as cautelas para que os conchavos entre poder político e econômico não prosperem e façam cair por terra toda investigação.”

O Globo