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VIGIADA, PRESA, AGREDIDA E CHANTAGEADA: Vítima de relacionamento abusivo na Paraíba revela sinais que mulheres tem que estar atentas

Vítima passou dois anos dentro de um ciclo de violência. Psicóloga explica como identificar sinais.

Coberta por um ciclo de violência doméstica e relacionamento abusivo, uma mulher de João Pessoa, que preferiu não ser identificada, tentou quebrar a sequência de violências que sofria, mas desabafa que o medo é atitude constante. Tudo começou com o ciúmes. “Me prendia em casa, já não tinha paz”, revelou.

No início, ela conta, o namorado se incomodava com os amigos da faculdades e com o fato de ela sair para qualquer lugar sem a presença dele. Em seguida, começaram as ligações durante a madrugada, para o telefone fixo, com o intuito de confirmar que a namorada estava mesmo em casa. “Depois começou a a fazer chamadas de vídeo para provar que eu estava de fato no lugar”, conta. O relacionamento chegou ao nível de o namorado colocar um rastreador no carro da vítima.

Com uma casa alugada, mesmo morando com ele, a vítima conseguia uma pequena fuga para fazer trabalhos da universidade sem sofrer violência. “Certo dia, eu pedi para ficar na minha casa, ele não acreditou que eu estava no meu apartamento e eu fui para o nosso apartamento”, revela. rança que eu não ia sair e encontrar com alguém”, desabafa.

Com uma casa alugada, mesmo morando com ele, a vítima conseguia uma pequena fuga para fazer trabalhos da universidade sem sofrer violência. “Certo dia, eu pedi para ficar na minha casa, ele não acreditou que eu estava no meu apartamento e eu fui para o nosso apartamento”, revela.

Quando ela chegou ao local, o namorado já estava “completamente descontrolado”. Foi agredida com vários tapas no rosto, que a deixaram marcada, e ainda foi sufocada. “Ele repetia várias vezes que ia me apagar, se eu continuasse tentando me soltar eu ia morrer”, conta.

Mulher relata ter sido vítima de violências dentro de um relacionamento abusivo, em João Pessoa — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Depois que o companheiro foi preso em flagrante por parte nela, veio o sentimento de culpa. Por isso, a mulher acabou voltando atrás no que havia dito à polícia.

Como identificar os primeiros sinais

De acordo com a Secretaria de Estado da Mulher, em 2018, pelo menos 4.135 medidas protetivas foram concedidas pela polícia, para que os agressores mantivessem distância das vítimas.

A psicóloga Juliana Figueiredo explica que quando a mulher está inserida no contexto de um relacionamento abusivo, ela acaba criando uma dependência na relação e, por isso, muitas vezes volta atrás na denúncia. “Ela acredita que aquilo é o melhor para ela, ele tem um poder de persuasão muito grande e termina convencendo ela daquilo que ele está falando”, esclarece.

A assistência profissional e da família são fundamentais para que essas mulheres não sofram caladas. “Ela precisa buscar ajuda para que ela se sinta segura, procurar ajuda de profissionais e entender que está respaldada pela lei”, explica. “O que ela merece é muito mais do que aquilo que estão oferecendo para ela”, completa.

Além disso, é preciso ficar atenta para os sinais de um relacionamento abusivo, para que o ciclo seja quebrado antes da violência. “Se o seu companheiro está tentando te controlar, se antes você usava as roupas que gostava de usar, ia para os lugares que gostava de frequentar, tinha amigos, principalmente do sexo oposto, e essa pessoa passa a controlar a sua vida, você pode estar em um relacionamento abusivo. Ele não necessariamente começa com agressão física, começa com uma pressão psicológica, controle. É necessário que as mulheres estejam atentas a esses tipos de sinais”, disse.

Centro da Mulher 8 de Março, no bairro do Róger, em João Pessoa — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Centro da Mulher 8 de Março, no bairro do Róger, em João Pessoa — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Apoio e acolhimento

O Centro da Mulher 8 de março é um dos locais que recebem as mulheres vítimas de algum tipo de violência. De acordo com a coordenadora do banco de dados, Larina Lacerda, uma equipe escuta a mulher e encaminha para os devidos serviços, conforme o desejo e a vontade da mulher. “Dependendo de cada tipo de denúncia, a gente encaminha para o centro de referência mais próximo, para delegacia da mulher, caso ela queira denunciar, ou orienta a fazer a denúncia pelos canais de telefone: 123, 180 ou 197”, esclarece.

A sede funciona na rua Dom Vital, 229, no bairro do Róger, em João Pessoa. O contato é 3241-8001. Em Campina Grande também há locais para procurar ajuda. Um deles, é Centro de Referência da Mulher Fátima Lopes, no bairro São José. O contato é 3342-9129.

Fonte: G1
Créditos: G1