ideais espíritas

LUTO NA IMPRENSA E NO ESPIRITISMO: Morreu o jornalista e historiador Hélio Zenaide

 

Morre no Memorial São Francisco o Decano do Jornalismo, Hélio Zenaide com 93 anos. O óbito foi confirmado nesta segunda-feira (18), por familiares e amigos que estão de luto com o falecimento.  Zenaide era jornalista, escritor e historiador.

O velório está previsto para acontecer a partir do meio dia, no Parque das Acácias, onde será sepultado no final da tarde. Jornalista dos mais qualificado da Paraíba foi diretor do Jornal A união e atuou em vários veículos.

Hélio Nóbrega Zenaide nasceu no dia 26 de outubro de 1926, no Engenho Barra Nova, na cidade de Alagoa Grande, filho de Heretiano Zenaide Nóbrega de Albuquerque e Maria Elvídia Nóbrega Zenaide. É casado com D. Ada Tavares Zenaide e tem quatro filhos: Maria Valéria, Maria de Nazaré, Eugênio Pacelli e Marina.

Foi Diretor do Departamento Central da Divulgação, no Governo Ivan Bichara Sobreira. Sub-Secretário da Indústria e Comércio. Superintendente de Comunicação Social.

 

O jornalista Hélio Zenaide (quando Diretor de “A UNIÃO”), com o jornalista Gonzaga Rodrigues e o escritor Ariano Suassuna, que pesquisava os arquivos de A União.

 

QUEM É HÉLIO ZENAIDE?

Hélio Zenaide, um homem completo

Na noite do último sábado, para a minha surpresa, eis que o amigo, colega de jornal e de ideais espíritas, Hélio Zenaide, sobe à mesa para fazer a palestra, lá no Centro Espírita Leopoldo Cirne, agora reformado e refrigerado

Se há uma pessoa que nunca imaginei que um dia viesse a se tornar espírita é o jornalista Hélio Zenaide, hoje afastado da imprensa, onde atuou com tanto brilho, elegância e objetividade, sempre me parecendo meio cético. Ceticismo sublinhado por uma suave ironia. Um homem mais ocupado com o aquém do que o além.

Um verdadeiro homem de jornal. Bom na reportagem, excelente no comentário político e arguto analista dos fatos, ninguém melhor do que Hélio para escrever um belo editorial, coisa que, como jornalista, nunca fui capaz de fazer.

Filho de Alagoa Grande, ele nasceu para escrever. Esta sua maior aptidão. Escreve com uma facilidade admirável, num estilo simples e objetivo. Seu pai, Heretiano Zenaide, foi pioneiro da ecologia em nossa terra. Escreveu vários livros cujo tema predileto era a Natureza. Livros que mereciam ser reeditados em face de seu valor didático. Portanto, esse gosto de Hélio pelas letras veio de seu pai.

De religião, o nosso jornalista sempre manteve distância. Seu temperamento cético estava mais preocupado com as coisas cá de baixo. Mas um dia – aí é que começa a sua outra história – Hélio, pela mão de sua filha Valéria, termina dentro de uma sala mediúnica do Centro Espírita Leopoldo Cirne, onde se comunica com os espíritos e se surpreende com o que o que viu e ouviu. Convenceu-se da proposta espírita, tornando-se um convicto profitente. Daí em diante, não quis mais escrever sobre outra coisa. A Doutrina o fascinou. No tradicional jornal A União manteve, por muito tempo, uma coluna diária, abordando temas sobre mediunidade, reencarnação, e moral evangélica.

Por motivo de saúde, com problema de visão, viúvo, ele hoje quase que não sai de casa, ao lado dos livros, dos filhos e dos netinhos. Assim mesmo, continua lendo com o apoio de uma lupa e de sua filha que lê pra ele. E pretende reunir em livro, oportunamente, suas crônicas a que deu o título de “Notas de um aprendiz”. Modéstia, ele é um grande mestre.

E para a minha alegria, no sábado passado tive o prazer de ouvir Hélio Zenaide proferindo uma palestra sobre Leopoldo Cirne, patrono do centro onde frequentamos. Falou em alto e bom som, numa voz bem postada e com saudável aspecto.

O auditório lotado, não cabia mais ninguém. E isso numa noite de sábado, no meio de um feriado prolongado, cheio de atrações mundanas. Mas, Hélio estava, ali. Era um homem feliz. Feliz com a sua paz de consciência, feliz com a sua família, feliz com a religião que é hoje sua maior motivação na vida. Confesso que fiquei emocionado com o que vi. Hélio me dava, naquela ocasião, uma grande lição. Lição de coragem e fé.

Hélio Zenaide! Que bom que a nossa Assembléia soube reconhecer seu valor e conferiu-lhe a elevada comenda, a medalha Augusto dos Anjos, há pouco mais de 2 anos. Hélio merece todas as homenagens, pois é um homem completo.
O AUTOR: Carlos Romero

UMA HISTÓRIA BRILHANTE:

Hélio Nóbrega Zenaide
Jornalista e Historiador

Hélio Nóbrega Zenaide nasceu no dia 26 de outubro de 1926, no Engenho Barra Nova, na cidade de Alagoa Grande, filho de Heretiano Zenaide Nóbrega de Albuquerque e Maria Elvídia Nóbrega Zenaide. É casado com D. Ada Tavares Zenaide e tem quatro filhos: Maria Valéria, Maria de Nazaré, Eugênio Pacelli e Marina.

Iniciou seus estudos em Alagoa Grande como aluno da professora Lauro Nóbrega Montenegro, sua prima; vindo para a capital do Estado, continuou seu curso primário no Grupo Escolar Santo Antônio, em Jaguaribe, e foi aluno da afamada escola da professora Tércia Bonavides Barros. Concluiu o primário na Escola “Melo e Souza”, no Rio de Janeiro. Fez o curso ginasial e científico nos Colégios Salesiano e Nóbrega do Recife, onde se bacharelou em Ciências Jurídicas e Sociais pela tradicional Faculdade de Direito, em 1954.

Hélio Zenaide ainda realizou outros cursos sobre Desenvolvimento do Brasil, no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), do Ministério da Educação, em 1957; sobre o Desenvolvimento do Nordeste, na SUDENE, em 1960; sobre Orçamento Programa, na Universidade Federal do Ceará; e curso sobre Desenvolvimento e Segurança Nacional, na ADESG/PB.

Iniciou sua carreira como servidor público em 29 de julho de 1949, quando foi nomeado Taquígrafo da Assembléia Legislativa do Estado.

A partir daí exerceu vários cargos públicos no Estado, todos eles de grande relevância, como se segue:

Diretor do Departamento de Educação do Estado, nomeado pelo Governador Flávio Ribeiro Coutinho, que o designou para responder pelo cargo de Secretário da Educação da Paraíba.
Assessor da Imprensa, nomeado pelo governador Pedro Moreno Gondim.
Diretor do jornal A União (1961-1962).
Delegado do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Trabalhadores em Transportes e Cargas (IAPETC) na Paraíba e Presidente da Comissão de Salário, nomeado pelo Presidente Juscelino Kubitschek.
Diretor do Tesouro do Estado na gestão do Secretário Edson Ramalho, no Governo Pedro Gondim.
Assessor de Relações Públicas do Palácio do Governo.
Reassumindo o cargo de Diretor do Tesouro do Estado, foi designado pelo governador Pedro Moreno Gondim para responder pela Secretaria de Finanças do Estado, função que também exerceu no governo de João Agripino Filho.
Chefe de Gabinete da Secretaria das Finanças na gestão do Secretário Otacílio Silva de Oliveira, no Governo João Agripino Filho e na gestão do Secretário Milton Gomes Vieira, no Governo Ernani Sátyro.
Diretor do Departamento Central da Divulgação, no Governo Ivan Bichara Sobreira.
Sub-Secretário da Indústria e Comércio.
Superintendente de Comunicação Social.
Consultor Técnico do Instituto de Previdência do Estado da Paraíba (IPEP).
Chefe de Gabinete da Secretaria de Finanças do Estado, na gestão do Secretário Marcus Ubiratan – Governo Tarcísio Burity.
Diretor Técnico do jornal A União, nomeado pelo governador Tarcísio Burity.
Chefe de Gabinete da Secretaria das Finanças do Estado, na gestão do Secretário Pedro Adelson – Governo Wilson Braga.
Assessor Especial da Secretaria das Finanças do Estado, na gestão do Secretário José Soares Nuto – Governo Ronaldo Cunha Lima.

Independente dessas altas funções, Hélio Zenaide tinha outras atividades econômicas, pois era proprietário rural e criador de gado em Juazeirinho, Paraíba, Vice-Presidente da Pesquisa S/A – Indústria e Comércio de Minérios, também em Juazeirinho, e sócio da Loja KLM – Confecções, no Manaíra Shopping.

O Jornalista

Apesar dessa intensa atividade no serviço público, Hélio Zenaide tornou-se mais conhecido por sua atuação na imprensa paraibana, onde atuou nos principais jornais e foi correspondente do jornal O Estado de São Paulo e da Agência de Notícias Meridional, dos Diários Associados.

Na imprensa, Hélio Zenaide foi comentarista político do jornal O Norte, onde se iniciou em 1950 na Campanha de José Américo de Almeida, comentarista político do Correio da Paraíbai, Redator de A Tribuna do Povo e Redator e Diretor do jornal A União, onde manteve uma coluna diária sobre Espiritismo. Como editor, foi responsável, pela publicação da Revista do Fisco, Boletim Fiscal da Secretaria das Finanças e do jornal Tribuna Espírita.

No conceituado jornal de sociedade dos anos 70 – Jornal de Agá – Hélio Zenaide manteve uma coluna de pesquisa histórica intitulada Ronda dos Arquivos.

O Historiador

Hélio Zenaide ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano no dia 22 de março de 1980, onde passou a ocupar como fundador a Cadeira n°. 38, cujo Patrono é o tenente-coronel Francisco Coutinho de Lima e Moura.

Sua proposta para sócio foi firmada pelos associados Archimedes Cavalcanti, Sebastião Bastos de Azevedo, Eurivaldo Caldas Tavares, Antônio Freire, Wilson Seixas, Francisco Hugo de Lima e Moura e José Leal, em 18 de janeiro de 1975 e aprovada em 14.01.1976. Em sua posse, Hélio foi saudado pelo jornalista Archimedes Cavalcanti.

Seu desempenho no Instituto levou-o a participar de várias Comissões Permanentes de Estudo e no período 1995/1998, sob a Presidência de Luiz Hugo Guimarães, exerceu o cargo de Diretor de Atividades Culturais. Desde 1955 exerce a função de Editor do Boletim Informativo Mensal do Instituto.

Seu ingresso no Instituto foi uma conseqüência dos constantes trabalhos jornalísticos abordando temas históricos da Paraíba e do País. Poderia valer a justificativa de que ele iria dar continuidade à tradição de sua tradicional família, de figuras ilustres que pertenceram aos quadros do Instituto. Foram sócios do Instituto seu avô, Senador Apolônio Zenaide Peregrino de Albuquerque Montenegro; seus tios, Deputado Francisco Seraphico da Nóbrega (fundador) e Juiz Federal Francisco de Gouveia da Nóbrega; seu pai, Heretiano Zenaide Peregrino de Albuquerque, chegou a ser proposto antes de falecer; seu primo, Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega (que foi Presidente do IHGP; e seu parente Wilson Nóbrega Seixas. Na realidade, ele tem representado seus antecessores com o desempenho extraordinário de todos eles.

Por conta dos seus trabalhos jornalísticos, mantém em sua residência uma apreciável biblioteca particular, que é um verdadeiro arquivo da memória paraibana e nacional, pois nela encontram-se documentos raros, valendo citar o manuscrito da última mensagem do Presidente Juscelino Kubitschek.

Obras publicadas

Entre os artigos publicados na Revista do Instituto encontram-se os seguintes textos de sua lavra:

 

O livro que o consagrou com a oportunidade de ingressar no Instituto Histórico foi História do Sertão do Paó, João Pessoa, A União – Cia. Editora, 1979.

Trata-se de uma pesquisa profunda sobre as origens da cidade de Alagoa Grande, que vem citada como “Sertão do Paó” e “Lagoa do Paó” nas cartas de sesmarias concedidas antes ou no início do século XVIII.

Como permanente auxiliar do governador Pedro Gondim, Hélio Zenaide era a pessoa mais autorizada para publicar um trabalho sobre aquele ilustre governador e poeta. Assim, ele publicou o volume n° 1 da Coleção PARAÍBA – Nomes da nossa História­ – PEDRO GONDIM.

Em colaboração com o jornalista Nelson Coelho da Silva, em 2002, publicou pela Editora A União o livro À Margem da Política, que reúne fatos das lutas partidárias na Paraíba.

Durante as comemorações do centenário de nascimento do Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, seu conterrâneo, publicou pela Idéia Editora, em 2005, a plaqueta Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello.

Há um trabalho de sua autoria sobre o manancial do Buraquinho, que foi publicado pela SUDEMA, que não se sabe porque motivo não foi dado à luz.

Numerosos são seus trabalhos publicados pela imprensa paraibana, os quais já mereciam ser enfeixados em uma publicação especial.

Está concluindo uma obra sobre os Governadores da Província da Paraíba, em vias de lançamento, e agendou um Projeto de Roteiro sobre o Corpo de Engenharia do Exército Brasileiro, incluindo aí a História do 1° Grupamento de Engenharia criado pelo Presidente Café Filho pelo Decreto n° 37221, de 27 de abril de 1955.

Por ocasião do Ciclo de Debates promovido pelo o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano para comemorar os 500 anos de Brasil um dos temas em pauta foi A Maçonaria na Paraíba, tema esse que foi exposto por Hélio Zenaide, que pertence à Loja Maçônica “Regeneração do Norte” e é o n° 10 da Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba, no Grau de Mestre. Aquele importante trabalho se encontra publicado nos ANAIS editados pelo Instituto.

Ao ingressar no Instituto prometeu publicar um trabalho sobre a passagem de André Vidal de Negreiros no Governo de Angola, baseado em longa pesquisa feita na Biblioteca Nacional.

Fonte: Polêmica Paraíba