cultura

JUIZ SANFONEIRO: Edvaldo Fonseca fala sobre resistência do forró e trajetória musical

Ednaldo aproveita para deixar uma mensagem aos forrozeiros “gonzagueanos”. “Recomendo a todos que procuremos resgatar o forró, na sua origem, principalmente com a reutilização da sanfona de 8 baixos, cujo instrumento foi utilizado pelo velho Januário (pai de Gonzagão), para iniciar a trajetória do forró. E hoje vem sendo esquecido. Precisamos colocá-lo em evidência”, afirmou.

 

O juiz sanfoneiro Ednaldo Fonsêca esteve nessa terça (21) no Master News e comentou sobre as duas carreiras e o amor ao forró.  Ele conta que conheceu Luiz Gonzaga quando tinha 12 anos, e que o mesmo, após ouvi-lo tocar, o incentivou a seguir em frente com a sanfona. Conselho que o mesmo levou a sério. Hoje o juiz sanfoneiro tem como bandeira musical o forró pé de serra, cantada pelo eterno ‘Lua’.

“Eu tinha 12 anos. Ele (Luiz Gonzaga) passava por Belém de São Francisco, onde eu morei alguns anos, e fui chamado para tocar pra ele. Fui bastante envergonhado e ele, com a voz de bronze, disse: – esse é o sanfoneiro mirim? Toque pra eu lhe ouvir, cabra!”, relembrou.

“Toquei duas músicas. Ainda não cantava. Quando terminei, ele fez o seguinte comentário: toca direitinho, mas tem dois defeitos. toca olhando pros teclados…e eu, de imediato, respondi ‘é porque eu tenho vergonha’. De imediato ele respondeu ‘tocar sanfona não faz vergonha a ninguém, não’. E o outro defeito é que você deve aprender música, teoria musical, pois eu perdi muito em não fazer isso. Vá em frente, meu filho. Nossa, Pra mim foi um sonho!”, confessou o juiz sanfoneiro.

 

Importância cultural

Ednaldo ressaltou que Gonzagão tem uma grande importância na cultura musical brasileira, e lembrou que o seu trabalho musical popularizou o acordeon e uma instrumentação típica do nordeste – zabumba, triângulo e sanfona – utilizando a música e poesia para contar as alegrias e tristezas da vida do sertanejo. “Sua obra popularizou a maneira nordestina de produzir arte no sul e sudeste, numa época em que a migração foi bastante significativa. Acolhida inicialmente pelos nordestinos que moravam no sul, a música de Luiz Gonzaga conquistou não só essas regiões, mas todo o país. Foi o precursor do Xote, Baião, Xaxado (Forró), popularizado hoje em todo país com o rótulo de forró pé-de-serra”.

Ciente que os estilos têm se tornado passage

iros, o juiz sanfoneiro comentou sobre o atual cenário musical e disse que a área também vive uma crise no país. “Crise em razão dos estilos musicais de vidas efêmeras que, sem firmeza e sem contexto, ainda conseguem agradar boa parte da população do país. Ora, arrocha, ora forró universitário, ora forró eletrizado, ora sertanejo…tudo isso vai passando, até que chega um momento que ninguém aguenta mais ouvir. satura”, criticou.

Já o forró pé-de-serra, segundo Ednaldo, “não morre. Ele fica quieto, enquanto aparecem novos ritmos. E logo que desaparecem as novidades, o forró ressuscita e se sacode, e sempre é bem recepcionado. E o seu sucesso é por conta da sua marca registrada, de sua origem nordestina, cantando as realidades do seu povo, nas dificuldades, no amor, nas conquistas, enfim, descrevendo todo o cenário do nordeste brasileiro”.

Ednaldo aproveita para deixar uma mensagem aos forrozeiros “gonzagueanos”. “Recomendo a todos que procuremos resgatar o forró, na sua origem, principalmente com a reutilização da sanfona de 8 baixos, cujo instrumento foi utilizado pelo velho Januário (pai de Gonzagão), para iniciar a trajetória do forró. E hoje vem sendo esquecido. Precisamos colocá-lo em evidência”, afirmou.

 

 

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba