Opinião

IMPRÓPRIA: Um bom debate - Por Rômulo Oliveira

Imprópria, de autoria do meu amigo/camarada Chico Limeira, é daquelas canções-protesto que entrega o que promete.

Imprópria, de autoria do meu amigo/camarada Chico Limeira, é daquelas canções-protesto que entrega o que promete.

Fruto da natureza estético-crítica desse grande compositor da minha geração, a música desdenha dos nomes que batizam ruas, praças, entre outros logradouros. Chamando para si a atenção e a crítica de descendentes, jornalistas e políticos contrariados com a descontraída e mordaz abordagem artística.

Uma mostra ávida e usual da intolerância cultural de parte da elite local em relação a novidade artística, sobretudo quando esta se apresenta em tom crítico a ordem hegemônica da nossa memória cultural.

Um comportamento comum de quem ignora o tempo e sua dimensão no espaço é tentar manter seu status quo ao longo da História pela dominação estético-cultural do que já foi e não é mais. Para preservar a memória dos vultos do passado o correto seria dar a atenção devida ao que essas pessoas foram, fizeram e representaram, não dar nome de rua.

Os críticos de hoje repetem os erros dos de ontem, agindo neste milênio com o mesmo personalismo que é marca do século XX. Na Rússia é o Mausoléu do fundador da União Soviética, por estes lados o do ex-presidente da Província. Comprovando que conservadorismo não carece necessariamente de espectro ideológico para se firmar, só precisa de um para se justificar.

Se de fato a questão girasse em torno da preservação da nossa memória, não estaríamos até hoje recortando a narrativa histórica da Capital da Parahyba como se ela tivesse nascido em 1930, ou no máximo, teríamos um MUSEU chamado João Pessoa e não uma CIDADE.

O que tenho a dizer a Chico e a quem interessar é que “Imprópria” é dicotomicamente sagaz, e em contraste a si mesma ela é essencialmente PRÓPRIA para aquilo que se propõe: PROVOCAR.

E que bom que esse debate veio a tona. Que melhor que ambos os lados estejam constitucionalmente protegidos pelo inviolável direito de a livre expressão. Mostrando que ainda gozamos de liberdade artística e política.

O resto é choro, que é livre… assim como a poesia e o poeta, idem!

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Rômulo Oliveira